27
Fev 14

 

*   *

 

UM POEMA TRANQULO

 

um pássaro qualquer insistente volteia por aqui

toma altura e mergulha depois tranquilo

por entre o betão destes prédios altos

da avenida de berna e da cinco de outubro

 

queria escrever um poema assim tranquilo

 

mas não é fácil sabem

entre canos

soros tubos sangues fístulas

tecer um poema tranquilo

é fodido

 

(provavelmente sempre o foi

e o pássaro saberá mais disso do que eu)

 

 

(Lisboa, 26-27.02.2014)

 

publicado por flordocardo às 15:34

19
Dez 13

 

*   *   *

 

Balanço: 159 poemas reunidos até exactamente esta hora.

 

E, mais logo, será dia de médico? Veremos, pois agora é hora de descansar.

 

publicado por flordocardo às 03:58

26
Nov 13

 


*   *   *

 

PORTUGAL

 

 

1.

 

Não

isto não é uma casa

 

É tão só a fácil acessibilidade ao lixo

à ignorância

ao esbulho

 

2.

 

A realidade queima

 

Aprende a preservar tua angústia

pois ela mantém viva e sagaz a tua sede


 

(Parede, 26.11.2013)


publicado por flordocardo às 19:07

03
Nov 13

 

 

*   *   *

 

 Ainda que segunda-feira tenha finalmente consulta de urologia, dou-vos a saber que arranquei de novo (e espero que decisivamente) para a reunião dos meus poemas. Espero acabar a tarefa até 10 de Dezembro.

 

 ______________________

 

  

RASTO PORTÁTIL

 

 

(POEMAS REUNIDOS - 1971/2013)

 

  

publicado por flordocardo às 04:56

09
Out 13

 

 

*   *

 

(Há muito tempo que nada escrevia. Logo calhou hoje, que faço anos)

 

 

MESMO SOB ESTE SOL

 

o tempo agoniza

fede

treme

 

ainda assim

eu podia beijar-te agora

sem paragem

 

(como se dissipasse

esse pus impuro

que escorre do tempo)

 

 

(Parede, 09.10.2013)

publicado por flordocardo às 04:52

28
Jun 13

 

 

*   *   *

  

(o meu sono tornou-se incontinente)



o meu sono tornou-se incontinente

 

polpa exígua

balbucia palavras 

como se estivesse com cio



(Parede, 28.06.2013)


publicado por flordocardo às 10:19

18
Jun 13

 

 

*   *   *

 

(por vezes apetece torcer um verso antigo)

 

 

por vezes apetece torcer um verso antigo

desmembrá-lo

fazê-lo sucumbir por outra forma de luz

ou treva

como outra casa por erguer

usando a taipa como um grito

pois o silêncio asfixia e mata

 

às vezes apetece violar-lhe a usura já esquecida

estabelecer-lhe um novo fim

eivá-lo por exemplo de mulheres antigas

ancestrais

à falta de algo que não meta nojo

e como se o vento bastasse para renovar seu rosto

 

(Parede, 12-18.06.2013)


publicado por flordocardo às 05:30

13
Jun 13

 

 

*   *   *

 

(Eu sei que já passou o 10 de Junho e que é dia de Stº. António. Mas...)

__________________


Evocação de Camões em Constância

 

ao certo nunca saberei se aqui/ estiveste neste lugar onde se abraçam/ águas sob o olhar de choupos e oliveiras/ e casas muito térreas caiadas pela primavera

 

ao certo nunca saberei/ qual dos rios tem a água mais fria em qual deles/ terás escrito porventura alguns dos versos sentado/ talvez em lajes afagadas pelos aluviões do tempo

 

ao certo nunca saberei se aqui/ colheste algumas flores mas posso sem custo imaginar-te/ aqui com ou sem amores caminhando nas margens/ de um e outro rio entre um copo e outro copo/ e outro corpo e ver-te assim deambulando/ ainda bem mais longe lá nas águas pardas do mékong

 

ao certo ao certo nunca/ saberei mas posso ver-te?


publicado por flordocardo às 05:12

04
Jun 13

 

 

*   *   *

 

- de uma possível futura série que talvez venha a chamar-se «Circunstância(i)s» -


VERRUGA(s)

 

de um corte no queixo

ao fazer a barba

nasceu uma verruga súbita

 

afeiçoei-me a ela

 

deixei crescer a barba

mas afago-a por vezes com o polegar esquerdo

 

talvez por isso

quem sabe

tenham nascido outras

 

 

(Parede, 05.05.2013)


publicado por flordocardo às 03:42

03
Mai 13

 

 

*   *   *


hei-de inventar o vento

para a suave colina do teu ventre


(Parede, 02.05.2013)

  

publicado por flordocardo às 00:50

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