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Mar 10

 

 

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Pedem-me os olhos e as mãos que esqueça

Na verdade todo o corpo implora isso

e tudo em volta que foi nosso por instantes

e o silêncio das palavras que procuro

Mas são aqueles e aquelas exactamente

quem não consegue lograr o esquecimento

E é por isso que eu tremo por inteiro

é por isso que eu suo uma sede seca

que breves lágrimas perfumam várias vezes

Assim me queima uma chama lenta

assim não encontram lugar as minhas mãos

assim vagueiam meus olhos por desvãos

onde acabas sempre por irromper

com um sorriso lento que é só teu

 

Como posso então esquecer?

Nem há música que deslembre essa presença

- pela ausência tão mais real ainda

Hei-de partir um espelho ou dois

Ou romper a língua

Ou cortar um dedo

Ou pedir a alguém uma faca

bem fria espetada nas costas

Talvez assim eu esqueça… ou peça

que o esquecimento fique só no sentimento

- pequena caixa guardada para sempre

em parte incerta cá por dentro

 

E talvez um dia encontre a chave dela

E dela solte a ave que ofereceste

E tu - matéria de esquecer - regresses nela…

Ou possas esquecer-te com ela para sempre

destes olhos e mãos que só conseguem ter-te

 

(Cruz-Quebrada, 04-28.03.2010)

 

publicado por flordocardo às 00:15

Obrigado. E podes continuar a vasculhar (ainda que fosse bom teres um nomezito próprio). Xau!
flordocardo a 5 de Junho de 2010 às 02:49

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