Em 27 de Abril do ano passado, no meu 2º. post, fiz referência a um fado cantado por Aldina Duarte, inserto no álbum «Crua» (2006), precisamente intitulado «Flor do Cardo». E disse-vos então como ele de certa forma inspirara a criação deste espaço ou, pelo menos, o seu nome.
O que nunca vos dei a conhecer foi o fado e a sua letra. O fado pela voz de Aldina ainda não o consegui arranjar pela net. Mas a letra, de autoria de João Monge, essa deixo-a aqui agora (ainda que tenha a certeza que somente cantada pela Aldina ela atinge plena e intensamente o alvo).
Nesta bela noite de lua cheia, ora vejam...
* *
Flor do Cardo
- João Monge/Joaquim Campos -
(Fado Tango)
Dói-me ser a Flor do Cardo
não ter a mão de ninguém
tenho a estranha natureza
de florir com a tristeza
e com ela me dar bem
dói-me o Tejo e dói-me a Lua
dói-me a luz dessa aguarela
tudo o que foi criação
se transforma em solidão
visto da minha janela
o tempo não me diz nada
já nada em mim se consome
não sou princípio nem fim
já nada chama por mim
até me dói o meu nome
dói-me ser a Flor do Cardo
não ter a mão de ninguém
hei-de ser Cravo Encarnado
que vive em pé separado
e acaba na mão de alguém
(PS - E comprem o CD)