A crer nas notícias que nos chegam, os mercados ontem «descomprimiram», «aliviaram», «respiraram de alívio» depois de, no domingo passado, se ter registado um acordo entre os senhores do chamado «eurogrupo» para que a UE e o FMI ajudassem a sufocada Grécia.
Quando eu era mais novo, os mercados que conhecia eram… O mercado da Parede, o mercado de Cascais, o mercado da Ribeira, a Feira da Ladra, etc. Depois veio o MARL…, mas isso é outra história. Tais mercados respiravam e cheiravam, sim; uns melhor, outros pior. Mas agora os mercados são outros… E o “progresso” tão imenso que eles até se dão ao impensável luxo de «respirarem de alívio» - para o nosso mais puro e estupefacto prazer, mas também para gáudio da mais ignara populaça!
Sucede que este «descomprimir», este «aliviar» e este «respirar» dos mercados se vai fazer à custa da compressão e do esganamento de uns quantos milhares de cidadãos deste mundo que é o nosso. E como? Através da diminuição do valor das reformas, do roubo dos subsídios de férias e de Natal, do congelamento salarial, do aumento do IVA, do aumento dos impostos sobre o combustível, tabaco e bebidas, da liberalização das leis laborais. Para onde irão, então, os 110 mil milhões de euros que vão ser emprestados ao Estado grego?...
O alívio de uns é, portanto, a agonia de outros.
Sendo assim, porque razão estarão os nossos noticiários tão satisfeitos (para não dizer «aliviados») com o desfecho «de sucesso» obtido este domingo para “salvar” a Grécia e os seus cidadãos?...
Será que os «directores de informação» (e muitos jornalistas) estão transformados em puros e inimputáveis canalhas?