Há um aspecto ou dois no tão falado caso da professora de Torre de Dona Chama, em Mirandela, que merece ser abordado.
É um facto que as pessoas são livres de fazerem consigo o que bem entenderem, sendo por isso condenável a pressão exercida pelos responsáveis camarários e escolares sobre a professora em questão (pressão que, sob pena de instauração de um processo, levou a dita a aceitar novas funções, desta vez no arquivo da edilidade). Quanto a isto estamos conversados. É que se a professora Bruna tivesse decidido doar os euros arrecadados com as suas fotos «ousadas» a uma Misericórdia qualquer, ao Santuário de Fátima ou mesmo à escola onde leccionava, então seria certo que ninguém falaria neste caso e a mesma até seria louvada… A hipocrisia, portanto (bem como os falsos pudores), continua a funcionar livremente neste país.
Mas há um outro lado da questão silenciado e sobre o qual sinto o dever de falar. Esse outro lado tem a ver com esta coisa da «venda da imagem». Parece ser crescente o número de pessoas que aceita vender a dita em troca de uma centenas de euros. Acham saudável? Eu não. Não considero saudável e acho mesmo doentio instituir-se que tudo tem um preço, que tudo pode ser comercializado - desde o pito da menina ao pauzinho do gelado do menino. Aparvalhamento e narcotização da sociedade - eis o que significa (um sinal dos tempos). O que será que não está à venda, dizem-me?...
Ressalvados estes istos… Assunto encerrado.