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(O que eu quero não o sei mas quero)
O que eu quero não o sei mas quero
Algumas figuras apertam-se
como se não tivessem espaço
mas o espaço é demasiado grande
Deslocá-las como se fossem manchas
ou amarelas ou vermelhas
Procurar a sombra das folhas subir a uma varanda
ver o espaço e sermos o seu fogo
correndo em linhas paralelas
Não podemos ser senão o que podemos ser
Seguir por esta rua
e sentir de súbito a lufada de um vento
enrolando a folhagem e os cabelos
António Ramos Rosa (n. 1924)
(do livro «Versões/Inversões» - Edição O Mirante (Jornal da Região do Ribatejo), Novembro/1997)