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Jun 10

*  *  *

 

(O que eu quero não o sei mas quero)

 

O que eu quero não o sei mas quero

Algumas figuras apertam-se

como se não tivessem espaço

mas o espaço é demasiado grande

 

Deslocá-las como se fossem manchas

ou amarelas ou vermelhas

Procurar a sombra das folhas subir a uma varanda

ver o espaço e sermos o seu fogo

correndo em linhas paralelas

 

Não podemos ser senão o que podemos ser

Seguir por esta rua

e sentir de súbito a lufada de um vento

enrolando a folhagem e os cabelos

 

                             António Ramos Rosa (n. 1924)

 

(do livro «Versões/Inversões» - Edição O Mirante (Jornal da Região do Ribatejo), Novembro/1997) 

 

publicado por flordocardo às 11:26
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Junho 2010
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