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O ÚLTIMO POEMA
Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Manuel Bandeira (Brasil, 1886-1968)
(de «Estrela da Vida Inteira - Poesias Reunidas» - José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1978)