O 1º. de Maio é já amanhã. Será um dia de luta ou um dia de resignação?
Espero que seja um dia de luta (sem rodriguinhos...). E como amanhã estarei impossibilitado de chegar até vós, aqui vos deixo um texto do «pobre B.B.».
O 1º. de Maio é já amanhã. Será um dia de luta ou um dia de resignação?
Espero que seja um dia de luta (sem rodriguinhos...). E como amanhã estarei impossibilitado de chegar até vós, aqui vos deixo um texto do «pobre B.B.».
AVIVAMENTO
A 79ª. Feira do Livro de Lisboa abre hoje ao público, encerrando no próximo dia 17 de Maio.
Almas de outro mundo (re)descobriram agora que a memorização das coisas (tabuada, por exemplo) ajuda ao desenvolvimento do cérebro e à aprendizagem; que a memorização «é uma condição essencial para um estudo eficaz e para a obtenção de resultados positivos» (ver site da Universidade de Évora - Núcleo de Apoio ao Estudante).
É óbvio que a memorização não é tudo. Mas esta lembradura, cada vez mais insistentemente feita por professores e psicólogos do ensino, não deixa de nos dar que pensar…
Em boa verdade, como já em tempos referiu a jornalista Helena Matos, no jornal «Público», «a memorização tornou-se uma expressão maldita». Ou seja: ninguém precisa de memorizar nada, pois memorizar não constitui uma forma de aprender; o Divino Espírito Santo (salvo seja!) que há em cada um de nós, trata de tudo e de forma «apelativa» (termo muito em voga - como se não existisse coisa mais apelativa do que a inteligência, a capacidade de ter opinião e de a expressar de modo fluente, aberto e convincente)…
Eis uma das razões pela qual fico sempre «de pé atrás» sempre que se decide prolongar o período da escolaridade obrigatória (como, aliás, acaba de implementar o Governo de José Sócrates)…
Além do mais é urgente dar resposta a esta pergunta: estudar para (vir a fazer o) quê? Para trabalhar num call center? Para ingressar nas Forças Armadas? Para ir ao biscate, ou a tempo inteiro, para uma empresa de segurança? Para ir ensinar em qualquer lado o desastroso (em múltiplos sentidos) «acordo ortográfico», dito «da língua portuguesa»?...
O ensino, a educação, a cultura e a ciência são ferramentas fundamentais para o progresso. Mas que país temos e que país queremos? Que estratégia seguir? Não seria melhor discutir isto antes?!
Tenho para mim que os portugueses com poder sofrem de uma terrível doença: fazer leis, diplomas, portarias e regulamentos, sem nunca lhes discutirem os alicerces. Os resultados estão à vista…
GRAN TORINO
De: Clint Eastwood
Com: Clint Eastwood, Geraldine Hughes, John Carroll Lynch
Género: Drama, Thriller
Classificacao: M/12
EUA, 2008, Cores, 116 minutos
As pessoas a quem o reformado Walt (veterano da guerra da Coreia) chamava vizinhos faleceram ou mudaram-se, sendo foram substituídas por imigrantes do sudeste asiático, que ele despreza. Uma noite, alguém tenta roubar o seu Ford Gran Torino, de 1972: o seu vizinho adolescente Thao, pressionado por um gang. No entanto, Walt defende o rapaz face ao gang, o que o torna o herói do bairro. A mãe de Thao e a irmã mais velha deste, Sue, insistem que Thao trabalhe para Walt como forma de se redimir. Inicialmente, Walt nada quer ter a ver com essas pessoas, mas algum tempo depois coloca Thao a trabalhar, facto que vai mudar as suas vidas. Walt vai compreender algumas verdades sobre os seus vizinhos e sobre si mesmo. Essas pessoas têm mais em comum consigo, do que ele tem com a sua própria família...
Ainda não foram ver? Não será o melhor filme de Eastwood, mas é um belíssimo filme.
Ao som de «When i was cruel» - CD de 2002 de Elvis Costello -, nesta última madrugada estas mãos e olhos desceram até à “arca” dos poemas inconclusos (ou talvez não), suspendidos (por certo), talvez por desbastar (vários deles), quiçá por imolar (outros tantos).
Dou por mim a pensar que, no meio da crise actual, os mitos (clichés, em boa verdade) caíram todos por terra; um por um.
O mito do «milagre irlandês», do «milagre islandês», do «mercado livre»... Aos quais posso juntar o da «Europa connosco», o do «País de sucesso», o das "hossanas" ao euro...
E dou por mim a pensar que a demagogia, embora com outras nuances, mesmo assim continua («regressar à agricultura» - diz Cavaco Silva; «não queremos acabar com o capitalismo», mas queremos outro, «de rosto humano» - perora Mário Soares (certamente com a anuência de Francisco Louçã...)...
E ainda dou por mim a pensar que outros mitos estão na forja ou são ressuscitados(«empreendadorismo», «inovação», «darmos as mãos», «caridade» - desculpem, eu queria dizer «solidariedade», que é politicamente mais correcto... -, etc.)...
Acabam de me sussurar ao ouvido que isto para ser uma nota breve, brevíssima. Assim tipo post.
Vou pensar melhor nisto tudo, e fico por aqui.
Continuem por aí.
Vai para um ano e tal que comprei o CD de Aldina Duarte intitulado «Crua».
Trata-se de Fado. Falamos de 12 fados com letras de João Monge, sobre músicas do fado tradicional. Fados que, na voz de Aldina Duarte, primeiro se estranham e depois se entranham - como diria Fernando Pessoa.
O fado 7, «Flor do Cardo», por circunstâncias 99% inexplicáveis, entranhou-se-me fundo.
Quando imaginei criar um blogue, «Flor do Cardo» foi desde logo um dos títulos que, entre outros, me ocorreu. E acabou por persistir.
Até por… …
A flor do cardo a que me refiro (cynara cardunculus) eclode no final da Primavera e é colhida nos meses de Junho e Julho. Posta a secar, é passada depois por água quente. A espécie de “chá” daí resultante serve para fazer o coalho do leite, em queijos tão saborosos como o queijo da Serra da Estrela, o queijo de Serpa ou o queijo de Azeitão. A flor desta espécie de alcachofra é, assim, fundamental na queijaria tradicional portuguesa, mas também na de outros países do Mediterrâneo.
A flor do cardo contém uma enzima denominada ciprozina. É esta que provoca a coagulação do leite.
O cardo nasce expontaneamente.
Eis a explicação que vos devia. A voz de Aldina, a poesia de Monge, a cynara cardunculus, a flor (e os espinhos), a expontaneidade, a ciprozina, o leite e o queijo tradicional na perfeição se conjugaram neste peito para dar à luz este blogue nascido em Abril. Só falta o pão e o vinho...
Sendo que… «O que faz falta é um 26 de Abril.»
Quem tal afirmou foi Eduardo Lourenço, a propósito do 25 de Abril, ao «Diário de Notícias».
Neste «um», indefinido por excelência, é que está o busílis da questão.
Talvez seja imperioso trocar os cravos pelos cardos…
Como vêem, isto anda tudo ligado!
O povo está na rua! Um golpe militar transforma-se em revolução!
Continuem por aí que eu volto já.
Calhou assim; estrear este espaço no preciso dia em que se assinalam os 35 anos passados sobre o 25 de Abril.
Lembro que, por esta hora, esse bastião do regime de Salazar e Caetano que era a PIDE/DGS e a sua Sede, na Rua António Maria Cardoso, ainda permanecia intocável. Aliás, do plano operacional do Movimento dos Capitães não fazia parte o assalto aquela sinistra organização do regime colonial-fascista. O facto é público.
Qual terá sido a razão?...
Lembro ainda que a revolução começou verdadeiramente quando a população, ignorando as instruções emitidas pelo MFA, resolveu sair à rua. E que foi ela quem realmente iniciou o assalto à Sede da PIDE/DGS.
Onde é que eu estava no 25 de Abril?
Talvez amanhã vos diga. E vos procure explicitar também a razão de ser deste blogue (nascido antes de tempo, já que a flor do cardo só começa a florir em Junho).
Fiquem por aí!