Prometi e aqui estou. A falar-vos do debate sobre as eleições europeias emitido no dia 11 pela RTP 1.
Não vi (por provável lapso meu) referências a este debate na imprensa. E desconheço que audiência teve. Comento-o, portanto, livre desse quadro de referências.
OBS. 1 - A iniciativa começou já depois das 22 horas e 40 minutos, terminando cerca da 1 hora e 20 minutos da manhã. O canal público, assim, achou por bem não prescindir do concurso que se segue ao (excelente) programa «Cuidado Com a Língua» e, deste modo, considerou igualmente por bem fazer muitos telespectadores (pelo menos os que no dia seguinte têm trabalho a cumprir) desligarem o seu televisor lá pela meia-noite e pouco. São critérios que dispensam mais comentários...
OBS. 2 - O debate iniciou-se com a preocupação das coisas e das propostas concretas. Considerando que o tempo era diminuto e elevado o número de intervenientes, havia que «aviar» o programa... Sendo tratada desta forma a coisa pública que a política é, foi por isso importante que uma ou duas vozes se tenham levantado contra tal e, assim, de alguma forma, conseguido dar a volta à orientação traçada pela moderadora do debate. É claro que essa contra-corrente partiu das forças políticas que não tem representação parlamentar - nem na AR, nem no PE. Deste modo, foi possível - ainda que de forma insuficiente - falar de que União Europeia temos e da nossa relação com ela, do que ela trouxe e tirou a Portugal.
OBS. 3 - O debate tornou evidente que os mais importantes partidos portugueses, em particular o PS e o PSD, se escusaram, através de um «silêncio ensurdecedor», a prestar contas dos fundos comunitários até hoje desembarcados no país; para que serviram e para que bolsos foram. E eu posso adiantar algo que será perceptível para muitos portugueses, em especial os que trabalham por conta de outrém, e que ficou por afirmar claramente: no essencial, tais fundos foram parar aos bolsos dos detentores do capital e dos seus quadros mais próximos. É a minha opinião e convicção.
OBS. 4 - Eventualmente mais comprometedor para o PS e o PSD do que o silêncio que atrás referi, foi o atabalhoamento total demonstrado pelo senhor Rangel, quer pelo senhor Moreira, quanto ao referendo que ficou na gaveta sobre o designado «Tratado de Lisboa». Nem podia ser de outra maneira, já que foram precisamente os respectivos partidos daqueles senhores que colocaram o referendo na gaveta (com o incentivo e o aplauso do actual Presidente da República). A este propósito, ficou pateticamente patente o conceito de “democracia” dos ditos...
OBS. 5 - Considero ainda que ninguém entendeu o que fizeram ou fazem ainda no PE os deputados europeus Ilda Figueiredo e Miguel Portas. E, ainda menos, o que irão fazer caso sejam reeleitos... Pareceu-me que se propõem lutar por «justiça na economia» (como chegou a referir Portas), sem explicarem que raio de economia sui generis será essa... É que se for para trazer «justiça» à economia capitalista que temos, francamente!...
OBS. 6 - As novas forças concorrentes às eleições europeias, MMS e MEP, não acrescentaram visivelmente nada de novo ao debate…
OBS. 7 - Por fim, suspeito que esta abertura da RTP para, neste período de pré-campanha, permitir o confronto político entre todas as candidaturas, se vai saldar em plena campanha eleitoral pelo silenciamento praticamente total de 8 candidaturas em favor das restantes 5. Espero estar enganado, caros amigos.
E fico por aqui, pois o tempo continua curto, curto... ...