«Bloco Central». De repente, não se fala de outra coisa.
A expressão começou por designar o governo PS/PSD (IX Governo Constitucional), chefiado pelo Dr. Mário Soares, o qual esteve no poder entre Junho de 1983 e Novembro de 1985. Depois dos acordos estabelecidos com o FMI, iniciados em Agosto de 1978 (lembram-se?), foi a este executivo que coube dar os grandes passos em frente rumo à adesão à CEE, depois completados por Cavaco Silva (que entrou em cena em 6 de Novembro de 1985, com «maioria absoluta» e para fazer as «reformas estruturais»…).
Ora esta «Santa Aliança» foi-se mantendo até hoje, embora sob formas diversas, e partilhando o poder à vez. Daí que a expressão «bloco central» tenha passado a designar uma espécie de «bloco de interesses» e de partilha do poder a nível governativo, mas igualmente ao nível da gestão de empresas públicas, privadas ou de parceria público-privada - gestão que, de facto, foi tomada de assalto pelas abelhas rosas e laranjas (colorações que, de facto, têm tudo a ver - está cientificamente provado - com os «produtos tóxicos»).
Relembradas estas coisas, do que se fala agora é da possibilidade de vir a surgir por aí um governo minoritário ou, em alternativa, um novo governo de coligação PS/PSD. Em resultado de tal eventualidade, estão a fazer-se ouvir os prós e os contras – quer do lado do PS, quer do lado do PSD.
Os contras fazem-me lembrar o «Fado Toninho». Conhecem? Dos «DEOLINDA»?
(Se não me seguram
dou-lhe forte e feio!
Beijinhos na boca…
Arrepios no peito…)
Os prós fazem-me lembrar uns meninos que, diante do medo, assobiam no escuro…
Porém, é absolutamente claro que uns e outros estão possuídos pelo medo. Só que os primeiros armam-se em meninos gabarolas que usam faca na liga, enquanto os segundos afivelam a máscara de meninos atinados, «ponderados» e «pragmáticos».
Ora, é precisamente aqui que reside o cerne da questão. Têm medo de quê?
Têm medo (por serem patriotas) que o país se afunde?
Ou têm medo que o poder lhes saia das mãos?
Inclino-me para a segunda possibilidade.
Mas de uma coisa tenho plena certeza: um governo saído de eleições só tem medo de ser minoritário se a política que se propõe aplicar só servir a minoria; pois se servir a maioria, de que é que há-de ter medo um tal governo?
Alguém me esclarece?
Eu deixo o candeeiro para vos iluminar.