11
Nov 09

 

 

Este poema tem já alguns dias de ossatura, mas só agora foi burilado.

 

Aqui o deixo para vós, convicto de que sabeis aquilo que ele tragicamente evoca.

*  *

 Morte no Douro

 

Na caruma exposta devia nascer uma rosa

ou uma magnólia nas crinas do cavalo

enroladas pelo vento

como lascas de um silêncio em fogo

 

Só o rio porém revela abrigo

- e nascimento

espanto

exposição de sentido

 

A água...

o veludo da água

o alpendre que não se vislumbra

o grito repercutido nos socalcos das margens...

 

Do grito devia nascer o fogo da rosa

o fogo da magnólia

do cavalo

do silêncio trucidado do rio

 

Porém

o tempo arrefece...

intensamente arrefece contra o peito

como um fruto cortado sem dó

 

(Parede, 30 Out./11 Nov. 2009)

 

 

publicado por flordocardo às 18:23

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