06
Dez 09

«A casa está fria e os meus pés estão frios. Algumas palavras acumulam-se, crepitam...»

 

Isto era o começo de uma prosa breve que eu me propunha escrever e completar esta madrugada - mas que por ali ficou, suspensa.

 

Deitei-me e dormi, sem que alguma vez o telemóvel manifestasse sinais de vida. Acordei pelas dez e meia, com notícias algo estranhas. Imaginei então uma playlist com gente como Janis Joplin, PJ Harvey, Jeff Buckley, Neil Young, Amélia Muge, Abbey Lincoln e Piazzolla -coisa heterogénea, portanto.

 

Todavia, levantei-me e mudei de ideias: tomei um banho e fui beber um café, levando comigo os «Quatro Quartetos», do poeta T. S. Eliot. Conclui que este é um belo livro de inverno.

 

("Time present and time past

Are both perhaps presente in time future,  

And time future contained in time past.

If all time is eternally present

All time is unredeemable.

What might have been is an abstraction

Remaining a perpetual possibility

Only in a world of speculation.

What might have been and what has been

Point to one end, which is always present.")

 

E aqui estou agora, preparando-me para preparar o almoço.

 

E, afinal, a ficção é real - e os meus olhos tendem a crispar-se por entre o fumo do cigarro; e o frio está aí; e eu até era para estar no Porto; e o telemóvel continua silencioso; e amanhã vou com a minha mãe ao médico; e... ...

 

Ficção? Real ou imaginário? Verdade ou mentira?

 

publicado por flordocardo às 14:55

 

Finalmente encontrei o raio do livro!

Já vos posso facultar alguma poesia húngara.

                    *  *

 

DIZEM


Quando nasci tinha uma faca na mão.
Dizem: é poesia.
Mas peguei na pena, melhor ainda que a faca.
Nasci para ser homem.

Alguém soluça uma felicidade apaixonada.
Dizem: é amor.
Chama-se ao teu seio, simplicidade das lágrimas!
Só contigo eu brinco.

Não recordo nada e também nada esqueço.
Dizem: como é possível?
O que deixo cair mantém-se sobre a terra.
Se o não encontro, tu o encontrarás.

A terra me aprisiona, o mar me dilacera.
Dizem: um dia morrerás.
Mas dizem-se tantas coisas a um homem
que nem sequer respondo.

(1936)

Attila József (Hungria, 1905-1937)

 (do livro Não Sou Eu Que Grito, selecção e tradução de 31 poemas de Attila József

por Egito Gonçalves - Editora Limiar, 1986)

 


Luz Teimosa, 1949-52.
Fernando Lemos.

 

 


 

publicado por flordocardo às 01:17
tags: ,

 

 

Natal e livros. Pois é… Dou por mim a pensar neles; possíveis ofertas que partilho convosco.

 

MAQUIAVEL, MARX E OUTROS ESTUDOS - Jorge de Sena (Livros Cotovia) - 12.00

LAVOURA ARCAICA – Raduan Nassar (Relógio D´Água) - 12.00

 

Estes dois são garantidos, façam fé em mim – que já os li.

 

Depois, estou curioso quanto a estes romances/novelas…

 

INVISÍVEL - Paul Auster (Edições ASA) - 13 

PEDRO PÁRAMO - Juan Rulfo (Cavalo de Ferro) - 14,00 €

RUÍDO BRANCO - Don DeLillo (Sextante) - 22

INDIGNAÇÃO – Philip Roth (Dom Quixote) - 16,50 €

 

De poesia, vi por aí uma nova edição dos poemas de Beltold Brecht, com base no trabalho do já falecido Paulo Quintela. Pareceu-me revista e aumentada (ou melhorada, pelo menos, e com mais fotografias). Não fixei a editora, mas a coisa anda à volta dos 22 €.

 

Agora vou pensar nas opções, enquanto acabo de escutar Diane Schuur, cantando The man I love.

 

publicado por flordocardo às 00:54
tags:

Dezembro 2009
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO