09
Dez 09

 

Neste "Dia Internacional de Combate à Corrupção" (até dá vontade de chorar a rir...) respigo para aqui duas frases que, com a devida vénia, acabo de retirar de um artigo do «Jornal de Negócios» hoje editado, assinado por Pedro Santos Guerreiro.
 
Ei-las.
 
 "Afinal, a banca de investimento soma lucros e segue próspera. A regulação muda vírgulas. Os mercados cavalgam uma nova bolha. E já se instala na dormência colectiva a resignação de que pouco mudará no sistema financeiro. Os contribuintes olham para isto com cara de parvos - talvez porque os tomem por tal.

O que há um ano foi esconjurado está este ano já jurado: vai voltar a acontecer e mais depressa do que o diabo esfrega o olho. O facto de a banca de investimento se preparar para ter os seus melhores lucros de sempre significa que pouco se aprendeu e que muito se perdeu: perdeu-se a oportunidade de mudar a regulamentação a sério. Enquanto isso, os gestores destes bancos vão ter um Natal dourado com bónus vertiginosos."

 

 Também hoje foi noticiado que algumas das maiores empresas portuguesas (Sonae, Mota-Engil, Brisa, etc.) tiveram este ano maiores lucros do que os verificados em 2008.

 
Neste quadro, o combate à corrupção interessa para alguma coisa?... Ou questionando de outra maneira: não será a corrupção «a alma (ou pelo menos uma importante chave) do negócio»? 
 
«Olha que não...» - diz-me a minha sombra aqui ao lado; «olha que os lucros e os bónus foram todos limpos!!!»
 
Riposto de imediato: «Ai é?... Não enterres esta "economia de mercado" e vais ver o lindo funeral que te espera!»
 

 

publicado por flordocardo às 20:05

O cantor chileno Victor Jara (28.09.1932-15.09.1973) voltou à terra no passado sábado, dia 5.

 

                        Peglaria a un lavrador 

 

Foi assassinado em pleno Estádio Chile pelos militares fascistas do fascista Pinochet.

Esmagaram-lhe as mãos e sem seguida pediram-lhe que tocasse e cantasse. Agarrou a viola e começou a cantar. Foi metralhado com mais de 30 balas.

Os seus restos mortos foram exumados em Junho do gavetão onde se encontravam.

Foram agora a sepultar, como Jara desejava, na terra, no Cemitério Geral de Santiago do Chile, depois de um velório que juntou milhares de pessoas.

 

O homem a quem esmagaram as mãos voltou à terra.

 

publicado por flordocardo às 11:46

 

Caíu-me mesmo agora em cima uma estrela do céu!

 

 

 

Belisquei-me e cheguei à conclusão que tinha vindo por telemóvel - imaginem!

Será que já posso ir dormir?

 

 

publicado por flordocardo às 02:13
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Depois da cavala... Decidamente, ando à volta dos peixes... Mas descansem: não são chernes nem robalos!

 

Fiquem lá mais uma vez com Herberto Helder (e de novo o livro «Vocação Animal» , de 1971 - Publicações Dom Quixote).

 

*  *

      
       Era uma vez um pintor que tinha um aquário e, dentro do aquário, um peixe encarnado. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado da sua cor encarnada, quando a certa altura começou a tornar-se negro a partir - digamos - de dentro. Era um nó negro por detrás da cor vermelha e que, insidioso, se desenvolvia para fora, alastrando-se e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário, o pintor assistia surpreendido à chegada do novo peixe.
       O problema do artista era este: obrigado a interromper o quadro que pintava e onde estava a aparecer o vermelho do seu peixe, não sabia agora o que fazer da cor preta que o peixe lhe ensinava. Assim, os elementos do problema constituíam-se na própria observação dos factos e punham-se por uma ordem, a saber: 1º. – peixe, cor vermelha, pintor, em que a cor vermelha era o nexo estabelecido entre o peixe e o quadro, através do pintor; 2º. – peixe, cor preta, pintor, em que a cor preta formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
       Ao meditar acerca das razões por que o peixe mudara de cor precisamente na hora em que o pintor assentava na sua fidelidade, ele pensou que, lá de dentro do aquário, o peixe, realizando o seu número de prestidigitação, pretendia fazer notar que existia apenas uma lei que abrange tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Essa lei seria a metamorfose. Compreendida a nova espécie de fidelidade, o artista pintou na sua tela um peixe amarelo.
 
                                                                                       (1963)

 

 

publicado por flordocardo às 00:45
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