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Dez 09

 

Ainda não descobri os livros da autora (vou ter que ir a um alfarrabista), mas descobri alguns dos seus poemas na internet. Aqui vos deixo dois deles.

 

*

 

(Se partires, não me abraces)
 
Se partires, não me abraces - a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.

Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces -

o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém - longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.

Se me abraçares, não partas.


(Do livro «O Canto do Vento nos Ciprestes» - Gótica, 2001)

 
*
 
(Não tenhas medo do amor)
 
Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.
 
 

                                 (Do livro «O Canto do Vento nos Ciprestes» - Gótica, 2001)

 

 

Maria do Rosário Pedreira (n. 1959)

 

publicado por flordocardo às 17:42
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Ainda não é este ano que cumpro o desígnio de não comprar prendas de Natal para ninguém…
 
Vejam lá:
 
- Um organizer, com caneta e tudo;
 
- O livro Histórias do Fim da Rua, de Mário Zambujal;
 
- Uma «flash drive» de 2 GB
 
- Acabadinho de sair, o CD+DVD dos Gogol Bordello. Chama-se Live From Axis Mundi. É p’rá desbunda (e creio que, por isso mesmo, útil para a passagem de ano);
 
- Um par de lençóis (ou serão cobertores) térmicos (polares?).
 
 
 
Faltam mais três ou quatro coisas. E, sobretudo, saber a quem vou oferecer estas que mencionei...
 
Entretanto, informo-vos que não arrumei nada na casa, contrariamente ao que tinha vaticinado. É grave!
 
Aproveito ainda para dizer que continuo à espera de pagar um almoço (ou um jantar, vá lá) à Melra (coisa que já nada terá a ver com prendas de Natal, é claro).

 

publicado por flordocardo às 00:12

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