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Jan 10

 

 

Acaba de chegar ao meu conhecimento a posição adoptada no dia 10 pelos Movimentos Independentes de Professores face à assinatura do Acordo de Princípios (ver ainda o meu post de hoje, às 00.53 horas).

 

Solicitam-me…

 

«LÊ, DIVULGA, REDIRECCIONA...»

 

É isso que faço agora com gosto.

                                                                *

COMUNICADO CONJUNTO DO MUP, APEDE E PROMOVA


O “Acordo de Princípios para a Revisão do Estatuto da Carreira Docente e do Modelo de Avaliação dos Professores dos Ensinos Básicos e Secundário e dos Educadores de Infância” agora assinado entre o ministério da Educação e algumas estruturas sindicais, entre as quais a Fenprof e a FNE, que, entre outros efeitos deletérios, também serviu para desfazer uma importante unidade sindical na luta contra as políticas educativas erradas dos governos de Sócrates, não passa de um novo “memorando de entendimento” que colide, quer com uma parte substantiva das reivindicações que os professores afirmaram, escola a escola e nas ruas, forçando a agenda sindical e resistindo à prepotência e às medidas absurdas da anterior equipa ministerial, quer com o essencial daquilo que os sindicatos afirmaram e defenderam nestes dois últimos anos.

Genericamente considerado, o acordo traduz a validação, por parte dos sindicatos, de quase todos os pilares que sustentavam as medidas que Maria de Lurdes Rodrigues procurou impor e que os professores rejeitam incondicionalmente e que os sindicatos reputavam de inaceitáveis. Referimo-nos, em concreto, ao seguinte:

- manutenção da prova de ingresso na carreira, apesar de os professores contratados e entretanto avaliados serem dispensados da mesma;

- manutenção de um sistema de quotas aplicado ao ensino, num momento em que a sua rejeição é transversal a todos os partidos da oposição, maioritários no Parlamento;

- manutenção, quase intacta, do modelo de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues, massivamente recusado pelos professores.

São de vária ordem as razões que nos levam a rejeitar um acordo que em nada beneficia os professores e que demonstram a imprudência com que alguns sindicatos tratam a representação dos docentes e a facilidade com que abdicam das suas reivindicações nucleares (das 31 exigências da Fenprof para assinar o acordo, a esmagadora maioria não foi acolhida):
1) a transição para a nova estrutura da carreira docente é penalizadora para os professores, uma vez que a sua grande maioria regride no seu posicionamento e demorará muito mais tempo a atingir o topo da carreira;

2) o tempo de serviço de dois anos e meio extorquido aos professores não foi reposto;

3) não foi abolida a prova de ingresso para quem quer leccionar pela primeira vez, depois de uma certificação universitária e do respectivo estágio com orientações pedagógicas e científicas;
4) prevalece o sistema de quotas e a contingentação administrativa de vagas, por meras razões economicistas (quando o Estado esbanja dinheiro em futilidades, em Bancos e em escritórios de advogados) que nada têm a ver com reconhecimento do mérito, condenando a maioria dos professores a uma permanência de sete anos em alguns escalões;

5) em termos de estrutura da carreira docente, substituiu-se um filtro no acesso a professor titular por dois estrangulamentos no acesso aos 5º e 7º escalões;

6) o modelo de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues é viabilizado quase intocado, com uma porta escancarada para a sua versão “complex” e que, estamos certos, a maioria dos professores irá transpor, candidatando-se às menções de “muito bom” e de “excelente” (num ciclo avaliativo de dois anos estaremos a falar de cerca 120 mil professores que vão requerer meio milhão de aulas assistidas, o que é uma barbaridade que paralisará as escolas);

7) na sequência do número anterior, os princípios agora aprovados no quadro do modelo de avaliação, mantêm todos os dispositivos que fomentaram, nas escolas, a competitividade doentia, a barafunda e a burocracia, nomeadamente os ciclos de dois anos com avaliação em permanência de todos, a decisão individual de definir objectivos individuais e de requerer aulas assistidas, a proliferação e o entrecruzar de Comissões de Avaliação e Relatores ou, ainda, as dimensões de avaliação consideradas e o contributo em aberto de cada docente para as mesmas, abrindo caminho às disputas de tralha, papelada e projectos folclóricos. A confluência de tudo isto arruinará o ambiente e a cooperação nas escolas e dificultará o investimento dos professores na sua função de ensinar, passando cada um a estar mais focado na sua própria avaliação;

8) aceitam-se, e reforçam-se, as consequências decorrentes do 1º ciclo de avaliação em termos de progressão, validando-se uma avaliação que os sindicatos qualificaram de “farsa” e de “faz de conta”, além de que os docentes foram incentivados pelos sindicatos a não entregarem os objectivos individuais e a não viabilizarem o modelo integral através da candidatura ao “muito bom” ou ao “excelente”, sendo agora retaliados por essa ousadia, nomeadamente os professores dos 4º e 6º escalões que não estariam sujeitos ao sistema de vagas para os 5º e 7º escalões, assim como os do 10º escalão que se vêem, hoje, impedidos de aceder ao 11º escalão;

9) as implicações anti-democráticas que o novo modelo de gestão terá na constituição da Comissão de Coordenação de Avaliação, promovendo o aparecimento dos apaniguados do(a) director(a), retirará transparência, imparcialidade e seriedade ao processo de avaliação.
Permitimo-nos afirmar, sem qualquer ambiguidade e com toda a frontalidade, que não podemos deixar de lamentar a imagem enganadora que os sindicatos passaram para a opinião pública, ao fazerem da discussão do estatuto da carreira docente e do modelo de avaliação, uma mera questão de quotas e contingentes de vagas, que em nada condizem com a postura que a classe docente sempre manteve ao longo destes anos de luta, onde as suas reivindicações foram sempre além das questões salariais, preocupando-se, isso sim, com questões de exigência, seriedade, transparência, justiça e qualidade da escola pública, onde se integrava, sobretudo, a exigência de acabar com o modelo de avaliação em vigor, algo que os sindicatos desrespeitaram em absoluto.

Um capital de contestação e de concomitante força negocial foi completamente decapitado e desperdiçado por representantes que demonstraram não estar à altura do respeito que lhes deviam ter merecido a mobilização e os imensos sacrifícios de que os professores deram provas ao longo destes quatro anos.

Os Movimentos Independentes de Professores admitem desencadear, em breve, a construção de uma grande Convergência de Contestação às medidas que os professores continuam a rejeitar neste acordo (e pela defesa de outras que ficaram ausentes), procurando reunir na mesma os sindicatos que não assinaram o acordo, os professores que se destacaram na blogosfera e núcleos de professores, organizados escola a escola.

 

Contem connosco, porque isto não pode ficar assim!


APEDE,

MUP,
PROmova

 

publicado por flordocardo às 17:41

 

Um sonho/pesadelo incontável pelas 06.25 da manhã.

 

Fui então ver os meus «rascunhos». Estava lá este, aguardando.

 

Publique-se.

 

 

publicado por flordocardo às 13:06

 

No dia 9 fiquei a conhecer a tomada de posição que abaixo transcrevo, através do site do PCTP/MRPP.

 

Para que conste, subscrevo-a totalmente!

 

*  *

 

UMA TRAIÇÃO ANUNCIADA
À LUTA DOS PROFESSORES PORTUGUESES
 
A celebração hoje, dia 8 de Janeiro, de um "acordo de princípios" entre o Governo e as direcções dos principais sindicatos de professores, merece da Organização de Professores do PCTP/MRPP, tendo em atenção o respectivo conteúdo, a seguinte apreciação e denúncia:
1. O "acordo de princípios" representa, por parte das organizações signatárias, o culminar de uma traição à luta que os professores portugueses travaram nos dois últimos anos, traição essa que começou logo a seguir às eleições legislativas de 27 de Setembro último quando, caçado o voto dos professores, as principais direcções sindicais e os partidos que as suportam se apressaram a legitimar a farsa e o ataque à profissão e à dignidade docente que foi o chamado "primeiro ciclo avaliativo" e os seus resultados, dando assim ao segundo Governo Sócrates as condições necessárias para desencadear uma nova ofensiva contra a escola pública e contra os professores portugueses.
2. Os pruridos que ainda se manifestaram há dois meses, por parte das direcções sindicais e dos partidos da oposição parlamentar, em dar por bom e validado o chamado "primeiro ciclo avaliativo" e as suas consequências para efeitos de progressão na carreira, deixaram agora totalmente de existir, na medida em que o "acordo de princípios" não coloca, sobre tais consequências, qualquer espécie de restrição.
 
3. Em termos de carreira docente e respectiva progressão, assim como em termos das bases fundamentais do modelo de avaliação do desempenho docente, o "acordo de princípios" hoje assinado representa um claro retrocesso e agravamento, relativamente às disposições legais existentes na anterior legislatura. Com efeito, tanto no que diz respeito às quotas e aos estrangulamentos na carreira, como no que diz respeito à não contagem do tempo de serviço no período em que houve congelamento nas carreiras, a situação ficou igual ou pior do que estava.
Do mesmo modo, todos os princípios em que assentava o anterior modelo de avaliação - os ciclos de dois anos, a instituição de uma competição sem freio entre os professores por um número escasso de lugares, a carga burocrática e a sobrecarga de trabalho, as notas dos alunos e a valoração dada pelos encarregados de educação como critérios de avaliação do desempenho docente -, tudo isso permanece intocado e até agravado no "acordo de princípios" (atente-se, por exemplo, na competição exacerbada que se pretende promover entre os professores classificados com "bom", dado uma simples milésima poder determinar, nestes casos, a progressão ao escalão seguinte).
4. Representando o "acordo de princípios" hoje celebrado entre o Ministério da Educação e as organizações sindicais uma versão agravada do "memorando de entendimento" de má memória celebrado entre os mesmos protagonistas na Primavera de 2008, o mesmo deve merecer da generalidade dos professores e das organizações e movimentos que combateram este último, igual atitude de repúdio e de oposição. É preciso dar voz e suporte à revolta e à indignação que o "acordo de princípios" hoje assinado certamente irá suscitar entre a maioria dos professores portugueses.
 
Lisboa, 8 de Janeiro de 2010
A Organização de Professores
do PCTP/MRPP

 

publicado por flordocardo às 00:53

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