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Jan 10

"Quando você for convidado pra subir no adro da Fundação Casa de Jorge Amado pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos /Dando porrada na nuca de malandros pretos /De ladrões mulatos e outros quase brancos /Tratados como pretos /Só pra mostrar aos outros quase pretos /(Que são quase todos pretos) /Como é que pretos, pobres e mulatos /E quase brancos, quase pretos de tão pobres são tratados. /E não importa se olhos do mundo inteiro /Possam estar por um momento voltados para o largo /Onde os escravos eram castigados /E hoje um batuque, um batuque /Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária em dia de parada /E a grandeza épica de um povo em formação /Nos atrai, nos deslumbra e estimula. /Não importa nada: nem o traço do sobrado /Nem a lente do Fantástico, nem o disco de Paul Simon. /Ninguém, ninguém é cidadão. /Se você for ver a festa do Pelô, e se você não for /Pense no Haiti, reze pelo Haiti. /O Haiti é aqui /O Haiti não é aqui. /E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado /Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer /Plano de educação que pareça fácil e rápido /E vá representar uma ameaça da democratização /Do ensino de primeiro grau /E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital /E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto e nenhum no marginal. /E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual /Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco de lixo brilhante do Leblon /E ao ouvir o silencio sorridente de São Paulo /Diante da chacina 111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos /Ou quase pretos, ou quase brancos, quase pretos de tão pobres. /E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos /E quando você for dar uma volta no Caribe /E quando for trepar sem camisinha /E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba /Pense no Haiti, reze pelo Haiti. /O Haiti é aqui /O Haiti não é aqui." (Haiti - Caetano Veloso e Gilberto Gil)

publicado por flordocardo às 20:29
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* Eu queria ser uma bomba de neutrões, e
Por uma vez eu podia explodir
Eu queria ser um sacrifício
Mas se de algum modo ainda vivesse

Eu queria ser um enfeite sentimental
Que tu pendurasses na árvore de Natal
Eu queria ser a estrela que fica lá em cima
Eu queria estar em evidência


Eu queria ser o chão assoalhado
Para 50 milhões de mãos erguidas que se abrem para o céu
Eu queria ser um marinheiro com
Alguém que esperou por ele

Eu queria ser como um afortunado
Tão afortunado quanto eu
Eu queria ser um mensageiro
E todas as notícias serem boas


Eu queria ser a lua cheia que faz brilhar
O capot do "camaro"
Eu queria ser um alien
Numa casa atrás do sol

Eu queria ser a recordação
Que mantivesses em casa fechada à chave

Eu queria ser o pedal do travão
Do qual tu dependesses
Eu queria ser o verbo "confiar"
E nunca decepcionar-te

Eu queria ser uma canção da rádio
A única que tu sintonizaste
Eu queria, eu queria, eu queria, eu queria
Eu espero que isto nunca finde

 

 

publicado por flordocardo às 00:42
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