25
Jan 10

publicado por flordocardo às 17:22
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Como prometera, aqui estou eu a quebrar o silêncio das palavras.
 
Passam hoje nove meses sobre a criação deste blogue. Nove. Considero ser oportuno um breve balanço sobre o «flordocardo».
 
 

À partida, ele viu a luz do dia sem um intuito específico. Digamos que ele, tão somente, desejava partilhardiscutir) ideias e gostos. Não era, por isso mesmo, um blogue temático. Falaria de tudo um pouco - do deve e do haver, de política, de cultura, de filmes, de literatura, de poesia, de arte, do quotidiano, da tristeza e da alegria; da vida, em suma - no sentido lato do termo.

 
Isto implicava que ele, levando em linha de conta o mau sentido da expressão, “não tivesse dono”; não fosse aquela cinzenta e feérica “voz do dono” que todos os dias nos procuram impor através das formas mais sub-reptícias.
 
E eu estou convencido que (exceptuando-me, é claro) ele não tem efectivamente “dono”. Porém, não ter isso não significa que ele possua uma independência espúria. Mal ou bem, de forma certa, menos certa ou mesmo errónea, mais ou menos profunda, tenho consciência que este blogue se tem esforçado por tomar partido por aquilo que acha justo.
 
Esta génese pressupunha que o «flordocardo» fosse, de certo modo, imprevisível. E eu gostaria que exactamente essa sua imprevisibilidade constituísse parte substancial do seu encanto e do risco desta aventura.
 
À medida que foi fazendo o seu caminho, a sua própria aprendizagem, este blogue foi (re)confirmando tais ideias, e com uma particularidade: não ter medo de expor sentimentos. Também isto era (é!) uma forma de ir contra a corrente. Também lhe dava alguma singularidade, dado o facto de não ser (não querer ser só) um blogue criado para amigos, ou seja, para um circuito restrito e eventualmente fechado de pessoas.
 
Assim tenho procurado fazer. Nestes termos, é evidente que pela sua própria natureza este blogue não pode agradar a gregos e a troianos. Uns têm gostado, outros não; uns já gostaram mais, outros gostam mais agora; outros limitam-se ou limitaram-se vagamente a percorrê-lo. E está certo assim.
 
Uns gostariam de mais crítica ou comentário político; outros quereriam mais poesia e maior referência a filmes; outros gostariam de ver neste blogue maior vivacidade, mais movimento, mais música. Mas eu fui avançando com o que me pareceu mais correcto a cada momento e dentro das minhas limitações de tempo e de aprendizagem nestas lides. E quando houve críticas reagi a elas; quando houve apoios, também. Certo estará também.
 
Por outro lado, todos os posts que publiquei limitaram-se a ser editados/corrigidos à posteriori exclusivamente nos casos em que detectei “gralhas” ou algum erro linguístico. Não rasurei nem fiz delete sobre nada, fosse nos posts, fosse nos comentários que eles suscitaram; e penso não o vir nunca a fazer enquanto este blogue subsistir. E por uma razão simples: não me envergonho de nada do que neles exprimi.
 
Mas não estou a ser inteiramente exacto… É que, todavia, em duas circunstâncias muito especiais tive que proceder a alterações de fundo. Sucedeu há escassos dias atrás; com dúvidas, com uma ponta de mágoa, mas por uma razão que se me afirmou de força maior: para protecção imediata e talvez futura de uma mulher que me é incomensuravelmente querida. Fiz mal ou bem? Fi-lo com a melhor das intenções. Há por vezes razões que a razão desconhece (ou que esta ainda não aprendeu a conhecer). E se um dia constatar que estava errado, então reporei a verdade dos factos.
 
Dito isto, eu não ficava de consciência tranquila se não vos dissesse que, pelo meio da vida deste blogue me sucedeu algo de inesperado, perturbante e extremamente belo. Apaixonei-me como nunca antes. Eis algo que terá tornado alguns posts menos claros (ou não…). Vocês devem ter reparado… Terei até abusado da vossa paciência. Mas também devo dizer que só tem medo de falar do amor quem já perdeu por completo a capacidade de amar alguém.
 
O ensejo permite-me confessar que nunca esquecerei os momentos altos desse algo que em mim entrou de rompante; e procurarei que os seus momentos baixos se apaziguem lentamentente entre todas as hastes que o formaram.
 
Vocês não sabem que as coisas mais belas da vida são muitas vezes as mais dolorosas? Sabem. Porém, só tal sabemos profundamente, em plenitude, quando isso nos toca pessoalmente como lâmina acesa em nossa carne.
 
E para os momentos em que nesse amor errei ou me perdi só aguardo uma palavra (uma!) de perdão. Espero que, de corpo inteiro, não me a recusem; ou que me corrijam se eu estiver enganado quanto ao que julgo ter feito mal (mesmo que eventualmente eu não o pudesse, então, ter feito de outra maneira). Continuo a amá-la e a querê-la? Sim!
 
A verdade é que este facto alterou fortemente o curso das coisas. Na certeza porém, meus caros, uma coisa é certa:
 
O blogue sou eu; eu sou o blogue. Continua a ser assim - pelo menos, até mais ver, nos dias que correm.
 
Para meu mal, para meu bem? Para vosso mal, para vosso bem? Talvez agora as respostas interessem pouco. A verdade é que não estou aqui para estar barricado atrás de muros e a responder ao medo, mas para expressar, da forma que sei, que a esperança mora já ali (ainda que eu neste instante não lhe vislumbre sequer o perfume)…
 
Em alguns momentos temi? Ah, isso sim! Como sucede a toda a gente. Costuma-se dizer que quem tem medo compra um cão; mas também é certo que quem diz nunca ter medo nunca soube o que seja ter coragem. É por isso que estou neste momento a partir o que sobra de alguns muros, rente ao chão. Quero estar aberto ao mundo e senti-lo.
 
Não há incompatibilidade alguma - a não ser que a criemos ou a criem por nós - entre os sentimentos e o mundo. Ambos continuam a rolar por aí, pelo espaço e pelo tempo que nos coube. Não é fácil, eu sei, estabelecer essa harmonia cúmplice entre o mundo e o sentir. Somos todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos condicionados a fazer exactamente o contrário do que essa harmonia - de contrários, é verdade - reclama para si e para nós. Mas não há litígio; haverá, quanto muito, maior ou menor capacidade de escolher as prioridades certas no momento certo.
 
Como disse um dia Maiakovksi,
 
PRIMEIRO É PRECISO TRANSFORMAR A VIDA, PARA PODER CANTÁ-LA EM SEGUIDA.
 
Esta é a afirmação mais revolucionária que alguma vez conheci e que marcou a minha adolescência. Conto permanecer-lhe fiel. Bem como ao único slogan do Maio/68 que verdadeiramente me toca:
 
SOB A CALÇADA, A PRAIA.
 
Por último, algumas palavras de especial agradecimento a pessoas que andaram e andam por aqui e me apoiaram com estima e sem pedido de retorno neste empresa: João Pinto, Rui Mateus, Sílvia Sousa, Rui Miguel, Júlia Galego – extensíveis a todos aqueles autores ou colaboradores de blogues que fizeram a gentileza de me adicionar como AMIGO na blogosfera.
 
Continuem por aí.   
 
: |    : )    : (    : |    : (    : )    : )
 
 
PS – É evidente que vocês não sabem as circunstâncias concretas, pessoais e muito especiais em que escrevi estas linhas… Mas também não têm que saber tudo, certo? E já agora, um dia destes proponho-me falar da blogoesfera em geral e não propriamente deste blogue (coisa que até constava do intuito inicial deste post - que me demorou três dias a escrever). E têm gostado da música que vos dei por estes dias?
 
Chiao e até já!

 

publicado por flordocardo às 14:41

publicado por flordocardo às 10:16
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