28
Jan 10

 

 

 

"Muitas das leis produzidas entre nós (…) correspondem a impulsos do legislador, muitas vezes ditados por puros motivos de índole política ou ideológica, mas não vão ao encontro das necessidades reais do país, nem permitem que os portugueses se revejam no ordenamento jurídico nacional" – sublinhou ontem Cavaco Silva na cerimónia de Abertura do Ano Judicial (mas o sublinhado a "negrito" é meu).

     Ora bem…
     Há-de o PR (ou alguém por ele) explicar-me um dia quais as leis que alguma vez no mundo foram feitas sem ser por «motivos de índole política ou ideológica»…

     É uma boa pergunta, não é?

 

publicado por flordocardo às 18:04

 

 

A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) alertou ontem para a crescente intromissão na vida privada das pessoas, sintoma de uma sociedade vigiada - propondo que se estude o impacto e consequências das medidas de vigilância que circulam por aí.
O alerta surge numa declaração divulgada na véspera do Dia Europeu da Protecção de Dados, instituído pelo Conselho da Europa, numa altura em que o uso de scanners corporais nos aeroportos europeus, por razões de "segurança", tem gerado polémica.
Na declaração, a comissão sustenta que, apesar de a evolução tecnológica ter trazido "inegáveis benefícios à vida das pessoas e das sociedades", tem gerado "preocupantes intrusões na privacidade de todos e de cada um".
"É com extrema apreensão que verificamos acentuarem-se as tendências para recolher cada vez mais informação pessoal sobre os cidadãos, para controlar os seus movimentos, para conhecer os seus hábitos e as suas preferências, para vigiar as suas opções individuais", alerta a mesma entidade.
Segundo a CNPD, a "profusão" de sistemas biométricos, de videovigilância e de geolocalização, bem como o registo "em larga escala" da actividade dos internautas, a realização de perfis individuais "detalhados" - e a "consequente rotulagem discriminatória de pessoas" - e as numerosas listas negras e de índex "são sintomas de uma sociedade vigiada".
Uma sociedade "que pode caminhar para um verdadeiro controlo social do indivíduo", adverte a comissão, realçando que "o tratamento maciço de informação pessoal é feito, não raramente, de modo pouco transparente e quase imperceptível para as pessoas".
A CNPD diz que o "cenário” é “inquietante"… E sublinha: "Não se pode continuar a alimentar o medo das pessoas para que mais facilmente aceitem renunciar a direitos fundamentais", como a liberdade de expressão, a não discriminação, a livre circulação, o anonimato e a dignidade humana”.
 
Ora bem, PENSEMOS SOBRE ISTO.
 

(Até porque nem sequer estão livres disto aqueles blogues de meninos e meninas que passam a vida a mandar mensagens de "conforto" uns e umas aos outros, topam?...)

 

 

PS - Tanta "segurança" não evitou, todavia, que há umas horitas atrás um barco da marinha portuguesa tenha disparado umas rajadas contra uma lancha da polícia marítima que operava, descarectizada, no mar alto...

 

publicado por flordocardo às 12:20

 

 

Eis que mais um poema de Daniel Faria aqui vos deixo.

 

* 

 

(Não levantemos os homens que se sentam à saída)

 

 

Não levantemos os homens que se sentam à saída

Porque se movem em seus carreiros interiores

Equilibram com dificuldade uma ideia

Qualquer coisa muito nítida, semelhante

A uma folha vazia

E põem ninhos nas árvores para se libertarem

Da gaiola terrível, invisível muitas vezes

De tão dura

Não nos aproximemos dos homens que põem as mãos nas grades

Que encostam a cabeça aos ferros

Sem outras mãos onde agarrar as mãos

Sem outra cabeça onde encostar o coração

Não lhes toquemos senão com os materiais secretos

Do amor

Não lhes peçamos para entrar

Porque a sua força é para fora e a sua espera

É a fé inabalável no mistério que inclina

Os homens para dentro

Não os levantemos

Nem nos sentemos ao lado deles. Sentemo-nos

No lado oposto, onde eles podem vir para erguer-nos

A qualquer instante

 

 

(do livro «Homens Que São Como Lugares Mal Situados» - Fundação Manuel Leão, Porto, 1998)

 

 

     Henry Moore

 

    

      Mask - 1929
      Cast concrete
      200 x 180 x 130 mm
      Tate Gallery, London

publicado por flordocardo às 00:52
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Já andaram nisto? 

 

 

 

Sinto-me, vagamente, como se nela andasse ainda...

 

Não sei se escreva uma segunda BREVE FICÇÃO SEM IMPORTÂNCIA como a que dei à luz em 20 de Dezembro último, ou se desnude aqui passos da CARTA que nunca mais acabo de escrever (tantas vezes já a reescrevi e reescrevi e...), referida por mim no passado dia 15.

 

Acendem-se e apagam-se luzes, aqui e ali, mas ainda me sinto perdido. Não vale a pena negá-lo a ninguém e muito menos a mim. E pressinto que do outro lado de mim, do outro lado do espelho, do outro lado que tanto queria junto a mim agora - agora mesmo - persiste a tristeza, a insegurança, uma ânsia funda, um desconforto que pede, pelo menos, um abraço de partilha. É uma sensação esquisita esta; muito estranha. Talvez seja por eu desejar intensamente ver sempre a felicidade espelhada naquele rosto. E querer guardar isso para sempre em mim, como um retrato que a qualquer momento se pode rever. Talvez seja também por sentir que, neste presente, posso dar tudo de mim, quando, então, não tive tempo (ou saber) para isso.

 

Não. Não haverá por agora nem uma nem outra coisa; nem ficção nem excertos de carta. Vou antes tomar um chá e a seguir dar-vos a conhecer um poema. Talvez resuma de forma lapidar, mesmo que parcial, um certo estado das coisas...

 

publicado por flordocardo às 00:49

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