Regressei a casa para aí há uns cinquenta minutos.
Jantei em casa da minha irmã, do meu cunhado e do meu sobrinho. Comemos, bebemos, conversámos, descarregámos umas fotos do meu telemóvel para o pc portátil onde neste momento escrevo, percorremos a net por alguns minutos. Foi bom.
Depois dei um salto casa da minha mãe, a ver se estava tudo em ordem. Passeei o cão. Voltei lá, deixei o cão comido (salvo seja!), peguei nas minhas coisas e vim para o comboio que me trouxe até aqui.
Neste trajecto – e mesmo agora – dei por mim a sentir uma estranha serenidade (que a qualquer instante pode – sei-o pela minha própria experiência dos últimos meses – descambar no seu irredutível e inenarrável contrário).
A única explicação plausível que neste instante encontro para tal serenidade residirá no facto de ter escrito o poema que há umas horas atrás vos dei a ler. Gosto muito desse poema que escrevi (ainda que sempre me subsistam dúvidas, quando estas coisas são feitas na hora, sobre possíveis alterações ou pequenos detalhes. Também o post de um outro blogue que li e reli ontem terá dado o seu contributo para tanto, não sei bem (nem vos direi qual seja).
O que sei é que algo me impele a dar-vos conta disto. A dar-vos conta que eu posso estar perdido, mas que o mundo não está perdido. E talvez esta espécie de relativo conforto igualmente ajude a explicar a serenidade que por mim perpassa agora.
Porém, tirando ter que ir dormir daqui a pouco, excluindo ter que ir trabalhar daqui a umas horas, tirando ter à tarde que ir com a minha mãe ao oftalmologista, pondo de parte tudo isto, eu não sei o que vai ser da minha vida doravante. Nada disso – que tanto será ainda – eu sei.
Se assim é, então digam-me lá que não é estranha a minha serenidade momentânea?!...
Saberei uma única coisa: que não sei deixar, nem consigo, nem posso que os dias passem como passado têm; pois sei que uma fala a ter há-de ser tida, não me há-de ser negada. Talvez, para já, isto me baste e me serene.