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Fev 10

 

 

 

A entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deu recentemente a conhecer o seu «Relatório de Actividade e Contas de 2008».
 
Como esta entidade tem vindo a ser muito falada, acho oportuno socorrer-me do citado relatório para vos dar a conhecer os salários dos seus membros no tal ano de 2008…
 
- Azeredo Lopes, presidente - 4752 euros de salário bruto, acrescidos de 1663 euros de despesas de representação e de 914 euros de subsídio de residência;
- Elísio Oliveira, vice-presidente - 5797 euros como opção de vencimento de origem, mais 1349 euros de despesas de representação e 914 euros de subsídio de residência;
- Estrela Serrano, Luís Gonçalves da Silva e Rui Assis Ferreira, conselheiros - 4204 euros, mais 1261 euros de despesas de representação.
 
Com salários destes, só se pode concluir que a «liberdade de expressão» somente pode ser um dado adquirido em Portugal… Não acham?...
 

 

publicado por flordocardo às 12:58

 

 

 

Acabo de deparar no «Jornal de Notícias» com um artigo de opinião, assinado por Rafael Barbosa, que quase me tira as palavras da boca. Acho-o pertinente e por isso - o que não é meu hábito - o transcrevo aqui, com a devida vénia ao respectivo autor (cujos artigos, por sinal, não tenho acompanhado, mas que vou provavelmente passar a acompanhar doravante).
Ora leiam.
*    *    *
Circo Mediático
 
1. Um exibiu a camisola que lhe serve de pijama, explícita quanto ao facto de Sócrates nunca lhe ter movido um processo, omissa quanto a qualquer facto relevante; outra distribuiu fotografias dos accionistas angolanos, negros presume-se, uma vez que classificou como racista a curiosidade dos deputados, brancos; outro ainda, mais modesto, levou vários exemplares de um livro que conta os 20 anos de história do jornal.
A Comissão Parlamentar de Ética que investiga o alegado plano do primeiro-ministro para controlar a Comunicação Social transformou-se, logo no arranque, num animado espectáculo circense. A questão central é agora saber--se que brinde levará o próximo convidado. Alguns deputados socialistas estarão satisfeitos com o descrédito do propósito inicial das audições, alguns deputados de oposição satisfeitos com os sound-bites sobre o despotismo do primeiro-ministro. Os portugueses, que já pouca confiança depositam na sua classe política e jornalística, riem-se numa primeira fase, para se enjoarem com o passar do tempo. O que ali se vai passando não serve para mais do que acusações sem prova, uns contra os outros, sem regras, nem tino.
2. Enquanto na Assembleia da República assim se vai passando o tempo, o chamado país real vai sendo confrontado com a dura realidade que passou e que ainda vem por aí. Terminámos o ano com 563 mil portugueses desempregados. Gente deprimida, certamente amarga e desinteressante, sem capacidade de proferir frases espirituosas sobre grandes problemas como a liberdade de expressão ou falta dela. A esses ninguém se lembrará, portanto, de convocar para uma comissão parlamentar. O balanço anual do desemprego passou e foi como se a ninguém afectasse. Nem mesmo quando se percebeu que metade dos desempregados já está há mais de um ano sem emprego; ou quando se detalhou que entre os 15 e os 24 anos se acumulam 100 mil desempregados, uma geração inteira que assim se perde e mergulha directamente na pobreza.
3. Igualmente à margem de preocupações parlamentares e éticas, vai aumentando a contagem do número de mortos nas estradas. Nos primeiros 45 dias do ano morreram 97 pessoas, mais 10 do que no mesmo período do ano passado. É cedo para tirar conclusões, dizem os nossos especialistas. Mesmo quando são confrontados com os casos particularmente mortíferos das estradas do Porto (de seis para 18 mortos) e de Braga (de dois para nove mortos). É capaz de ser da chuva, ou do gelo, ou da neve, dizem-nos sem certezas. Ou seja, do tempo, que ninguém controla. Esperemos então tranquilos pelo balanço no final do ano. Com um pouco de sorte, o tempo melhora.

 

 

publicado por flordocardo às 10:54

publicado por flordocardo às 01:29

 

 

 

IDENTIDADE
 
 
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
 
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
 
Sou pólen sem insecto
 
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
 
Existo onde me desconheço
Aguardando pelo meu passado
Ansiando a esperança do futuro
 
No mundo que combato
morro
no mundo por que luto
nasço
 
 
                                                Mia Couto (Moçambique, 1955)
 
(do livro «Raiz de Orvalho e Outros Poemas» - Editorial Caminho,
3ª. edição, Outubro de 2001)

 

publicado por flordocardo às 00:50

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