Loucuras?...
Em conclusão: cumprir até ao fim do dia de hoje o que (me) prometi; loucura 1 - ir até Constância (provavelmente no sábado), mudar de ares;
loucura 2 - não a cometer; loucura 3 - pensar melhor nela (ou não a cometer mesmo).
Loucuras?...
Em conclusão: cumprir até ao fim do dia de hoje o que (me) prometi; loucura 1 - ir até Constância (provavelmente no sábado), mudar de ares;
loucura 2 - não a cometer; loucura 3 - pensar melhor nela (ou não a cometer mesmo).
Hoje já tive para cometer uma, duas, três loucuras.
Cometo, não cometo...
Pelo meio, há uma coisa que eu quero fazer - que prometi fazer - e não consigo.
Estará a coisa a ficar fora de controlo?
Loucuras fazem bem? Cometo-as ou não?
Não me dizem nada aí desse lado?...
* *
Construção da Noite
No casulo há um homem
Mas o fundo é outro lado;
No casulo de seu tempo
Há um homem
Mas o fundo é outro lado.
É o casulo
Onde o homem foi achado
Mas o fundo é outro lado.
É o terreno
Onde o homem foi lavrado
Mas o fundo é outro lado.
É a treva
Onde o homem foi fechado
Mas o fundo é outro lado.
É o silêncio
De um homem soterrado
Mas o fundo é outro lado
Mas o fundo é outro lado.
É a infância que nasce sobre o morto
É a infância que cresce sobre o morto,
É o sol que madruga no seu rosto,
É um homem que salta do sol-posto
E convoca outros homens para o sonho.
E mistura-se à terra
E mistura-se ao sonho
E o canto recomeça além do sonho,
Além da escuridão, além do lago.
Mas o fundo é o outro lado.
Mas o fundo principia
Sem passado,
Sem os montes, sem os barcos,
Sem o lago.
Tua vida verdadeira é o outro lado,
Tua terra verdadeira é o outro lado,
Tua herança verdadeira é o outro lado.
Tudo cessa
Tudo cessa
Tudo cessa
Mas o mundo
É o outro lado
Que começa.
Carlos Nejar (Brasil, n. 1939)
(I Keep a) Close Watch |
|
Never win and never lose |
There’s nothing much to choose |
Between the right and wrong |
Nothing lost and nothing gained |
Still things aren’t quite the same |
Between you and me |
|
I keep a close watch on this heart of mine |
I keep a close watch on this heart of mine |
|
I still hear your voice at night |
When I turn out the light |
And try to settle down |
But there’s nothing much I can do |
Because I can’t live without you |
Any way at all |
|
I keep a close watch on this heart of mine |
I keep a close watch on this heart of mine |
Pedem-me os olhos e as mãos que esqueça
Na verdade todo o corpo implora isso
e tudo em volta que foi nosso por instantes
e o silêncio das palavras que procuro
Mas são aqueles e aquelas exactamente
quem não consegue lograr o esquecimento
E é por isso que eu tremo por inteiro
é por isso que eu suo uma sede seca
que breves lágrimas perfumam várias vezes
Assim me queima uma chama lenta
assim não encontram lugar as minhas mãos
assim vagueiam meus olhos por desvãos
onde acabas sempre por irromper
com um sorriso lento que é só teu
Como posso então esquecer?
Nem há música que deslembre essa presença
- pela ausência tão mais real ainda
Hei-de partir um espelho ou dois
Ou romper a língua
Ou cortar um dedo
Ou pedir a alguém uma faca
bem fria espetada nas costas
Talvez assim eu esqueça… ou peça
que o esquecimento fique só no sentimento
- pequena caixa guardada para sempre
em parte incerta cá por dentro
E talvez um dia encontre a chave dela
E dela solte a ave que ofereceste
E tu - matéria de esquecer - regresses nela…
Ou possas esquecer-te com ela para sempre
destes olhos e mãos que só conseguem ter-te
(Cruz-Quebrada, 04-28.03.2010)