06
Abr 10

 

Continua a falar-se na questão dos submarinos. E em 4,6 milhões de euros potencialmente envolvidos em subornos. Coisa pouca... 

 

Mas o "submarino" que verdadeiramente mete água não é o desta fotografia, mas o do próprio capitalismo em si mesmo.

De tal modo isto é verdade que hoje, no «Diário de Notícias», o Dr. Mário Soares, perorando sobre a necessidade de «um novo modelo de desenvolvimento», nos vem dizer que «não é o capitalismo que está em causa». Então o que é? Segundo o Dr. Soares é a «ética» e a «desregulação»...

Pois é... O homem quer embutir ética onde ela nunca existiu e botar regulação onde ela nunca pode ver a luz do dia!

Que «não é o capitalismo que está em causa» eis algo que já disseram dezenas de "especialistas", "comentadores" e "economistas" por aí - todos eles, como o Dr. Soares, cheios de pânico com a eventualidade de explosões sociais, de revoltas, da revolução que consagre outro sistema completamente diverso.

Nada de novo, portanto. Mas registe-se o facto: o homem continua a ser um verdadeiro submarino de águas turvas - e provavelmente mais pernicioso do que os submarinos agora em questão (que são, em si mesmos, mais um caso elucidativamente exemplar da «ética» e da «regulação» de qualquer capitalismo que a si próprio se preze)...  

 

publicado por flordocardo às 18:52

publicado por flordocardo às 13:21

 

 

Sabiam que 49,4 por cento das mulheres que conseguem novo emprego são contratadas a prazo?

Sabiam que entre as mulheres que trabalham, somente 43,4 por cento têm contrato a tempo inteiro?
E qual é hoje, em Évora, a palavra-de-ordem do primeiro-ministro? INOVAÇÃO!

 

Pois... Deve ser assim que se "inova" em Portugal, é certinho...

 

publicado por flordocardo às 13:10

 

O «Jornal de Letras» acaba de fazer trinta anos de vida, o que é obra! 

 

jl

Para assinalar o facto, o JL surgiu na sua edição nº. 1030 (de 24 de Março a 6 de Abril) com um novo visual.

O jornal foi redesenhado. Grafismo novo. E está mais elegante e mais legível. Todavia, não me parece que o seu conteúdo tenha sofrido alterações dignas de registo, ou seja, melhorias de vulto. Mas esperemos pelo próximo número.

 

publicado por flordocardo às 04:13

 

 

ENTRE NÓDOA E FERIDA

 

Cai uma nódoa na vida?

Benzina álcool vinagre

sabão azul e branco

 

Há uma ferida na vida...

Nada. Só sangue.

Que o sol secará

e a morte curará de vez

 

(Alcântara, 26.03.2010)

 

publicado por flordocardo às 03:16

 

 

Por aqui se haver falado em papéis velhos… Eu, incapaz de dar conta dos meus - por todas as razões e mais uma, ontem e hoje vencido por inércia lenta e sufocante, quando mais precisava de a devorar -, eis que encontrei o manuscrito deste poema, o único que afinal me lembro de ter escrito quando visitei por breves dias Maputo e a Lagoa de Bilene, em Moçambique. Bom augúrio? Desconheço (nem importará assim tanto).

Sei que o passei agora a limpo. E ele aqui vos fica - para o que quer que seja que ele vos possa ser(vir).

E agora vou tentar continuar a rasgar mais papéis velhos, pela noite fora.

 

*   *

 

CAMINHO

 

Caminho pela rua do bulício…

caos organizado

energia silvando calma

entre uma espécie de semi-ruínas

 

Caminho pela praia…

maresia suave

entre conchas mangas

cajueiros

raízes sem casa

destapadas

latas vidros

alguma coisa perdida

entre os dentes do tempo

 

Caminho pela lagoa…

silêncio quebrado

pelo borbulhar da leve ondulação

as rãs

os caranguejos

as redes

 

Caminho (é já noite)…

simplesmente respiro

livre respiro

enquanto a osga come a borboleta

(sem metafísica)

 

(Moçambique, Bilene - 11.05.2005)

 

publicado por flordocardo às 02:38

 

«NUNCA SE SABE.» (1)

 

Papéis velhos com poemas: são o joio

das gavetas. Relê-los causa aversão

e uma espécie de tristeza arrependida –

são tão nossos como as más recordações

e ainda vemos a circunstância precisa,

a causa, a ferida, por detrás de cada um.

 

Mas na altura havia esperança: é isso

que representam. Não pelas coisas que

dizem - é só descrença e fastio – mas

pela simples razão de termos querido

guardá-los. Com um pouco de alento,

de inspiração e trabalho, ainda se endireita

isto. Ou seja, os versos. E até a vida.

 

                                                             Rui Pires Cabral (n. 1967)              

 

(do livro «Oráculos de Cabeceira» - Averno, Lisboa/2009)

 

(1) Ítalo Calvino, «O Cavaleiro Inexistente» (tradução de Fernanda Ribeiro e Herberto Helder), Lisboa, Portugália, 1965, p. 143.

publicado por flordocardo às 01:54
tags:

Abril 2010
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO