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Abr 10

 

(Como o Caeiro, sabes, digo adeus)

 

Como o Caeiro, sabes, digo adeus
aos versos que se vão e aos que chegam,
marcados desde dentro como teus
como sons imperfeitos que se entregam

a quem passe e repasse, e já não sabe
se a conjunção de como que assim ligo
é dele ou de quem é. Como se acabe,
o dia em que te escrevo é que te sigo,

e mais importa, e mais me livra inteiro
do que não tu, a ti, minha mulher,
meu caso e minha casa, meu bom cheiro

a ti ou a mim mesmo, ao que vier
deste completo inverno em que me abeiro
da verdade que emenda quem puder.

        Pedro Tamen

        (do livro «Os Quarenta e Dois Sonetos» - Livros Horizonte, 1973)

 

publicado por flordocardo às 21:35
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(enquanto Pedro Passos Coelho faz o seu discurso de encerramento do XXXIII Congresso do PSD, nesta tarde de belo sol...)

publicado por flordocardo às 14:07
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No dia 27 de Março passaram 200 anos sobre o nascimento de Alexandre Herculano.

A efeméride passou-me, mas estas citações ficaram...

 

E talvez sejam pertinentes (ou não aportariam aqui).

 

*   *

 

«O homem é mais propenso a contentar-se com as ideias dos outros, do que a reflectir e a raciocinar».

 

«Querer é quase sempre poder: o que é excessivamente raro é o querer».

«Há épocas de tal corrupção, que, durante elas, talvez só o excesso do fanatismo possa, no meio da imoralidade triunfante,

servir de escudo à nobreza e à dignidade das almas rijamente temperadas».

«É o progresso das ideias que traz as reformas, e não o progresso dos males públicos quem as torna inevitáveis».

publicado por flordocardo às 03:04
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Lembrem-se lá (e digam se estou errado ou não)...

 

Há mais ou menos um ano atrás os governos dos países da União Europeia nacionalizaram os prejuízos do grande capital, desligaram este dos compromissos e das dívidas para com o pequeno e médio capital, e utilizaram à grande e à francesa os dinheiros públicos para “salvar o sistema financeiro”, cortando nas despesas sociais e no investimento público; e, portanto, ocasionando uma drástica subida da dívida pública e dos défices orçamentais. Agora, eis que o mesmo “sistema” vem junto dos Estados mais débeis, cujos governos, para já, o “salvaram”, exigir, tostão a tostão, as dívidas vincendas, montando uma enorme operação especulativa sobre os défices públicos. Ainda por cima, tal “sistema financeiro” pretende responsabilizar os povos desses países pelos seus crimes e negociatas e forçar esses mesmos povos a pagar em dobro, mediante aumentos galopantes nos respectivos juros, os serviços das dívidas que tais governos lhes impuseram.

O caso grego é apenas o mais recente exemplo desta realidade. Com uma dívida acumulada de cerca de 290 mil milhões de euros e com um défice nas contas públicas de cerca de 13 por cento do PIB, o Estado grego é constantemente levado a contrair novos empréstimos para refinanciar a dívida, tendo de o fazer a juros cujas taxas são constantemente aumentadas. Sob a pressão dos actuais e potenciais credores e dos órgãos da União Europeia, e sem nunca pôr em causa as regras viciadas do jogo em que se vê envolvido, o governo grego fez aprovar no parlamento brutais medidas de austeridade, logrando aumentar ainda mais a taxa de desemprego e comprometendo qualquer possibilidade de desenvolvimento. Amarrado à moeda única europeia e ao “Pacto de Estabilidade e Crescimento” assinado como condição de adesão ao euro, o Estado grego não mais conseguirá sair da espiral dramática em que foi introduzido pelas classes dominantes europeias, incluindo a sua própria.

O resultado imediato da “falência” do Estado grego é a sua “nacionalização” pelos países que dirigem a UE, com um papel destacado da Alemanha. Em lugar de tomarem, entre outras, uma medida tão simples como seria a instituição de títulos de dívida europeus a uma taxa única e comum para todos os países que os emitissem, medida esta que só por si eliminaria aquela situação de “falência”, as classes capitalistas europeias e o Estado alemão, o qual emerge claramente como a face visível do “Estado europeu”, pretendem servir-se do caso grego para impor a chamada “união política europeia” e o “governo económico europeu”, ou seja, para legitimar e institucionalizar a condição de protectorados europeus e alemães aos países mais pobres e dependentes da UE.           

A situação da Grécia apresenta muitas semelhanças com a nossa. Em ambos os casos o novo governo, saído de eleições realizadas na mesma altura (Outono passado), é dirigido por um partido “socialista” e está a perpetrar uma violação em toda a linha das suas propostas e programas eleitorais. Do mesmo modo, ambos funcionam como meras correias de transmissão dos ditames da UE e do grande capital financeiro sobre os respectivos povos.

Há que colocar sob o controlo das massas trabalhadoras e das suas organizações os sistemas financeiros de cada país, assim como os sectores básicos da economia. Impõe-se uma moratória imediata sobre o serviço da dívida, de forma a colocar todos os recursos ao serviço de novos modelos de desenvolvimento, a responsabilizar quem o tem de ser pelo pagamento dessa dívida e a renegociar todos os compromissos externos, com particular destaque para os que decorrem da participação na UE.

Consistirá isto, digamos assim, uma ruptura com a política vigente? Sim. Mas, julgo eu, não há outro caminho!

publicado por flordocardo às 01:56

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