(Estranho é o sono que não te devolve)

Estranho é o sono que não te devolve.
Como é estrangeiro o sossego
De quem não espera recado.
Essa sombra como é a alma
De quem já só por dentro se ilumina
E surpreende
E por fora é
Apenas peso de ser tarde. Como é
Amargo não poder guardar-te
Em chão mais próximo do coração.

                                    Daniel Faria (1971-1999)

(do livro «Explicação das Árvores e de Outros Animais» - Fundação Manuel Leão, 1998)

Tal como eu antecipara, foi uma semana lixada (tendo andado a correr de um lado para o outro, quase sempre para nada...). Foi de tal forma que o corpo me forçou a uma soneca entre as 19 e as 22 horas de ontem... E o pior é que o fim-de-semana promete não vir a ser melhor. A semana parece também ter sido complicada para Cavaco Silva - mas também há quem diga que ele e restante comitiva gozaram uma ganda trip...

Entretanto, com o IndieLisboa em curso, eis que o canal 2 da RTP resolveu censurar dois curtos filmes: «Michael Biberstein: O Meu Amigo Mike ao Trabalho» (2008), de Fernando Lopes e «Aldina Duarte: Princesa Prometida» (2009), de Manuel Mozos. Quanto a este último, eu de facto ouvi anunciá-lo, queria vê-lo e, chegada a altura, nicles...

Sucede que ambas as películas (explica Eduardo Cintra Ferreira, na sua crónica de ontem no jornal «Público») foram produzidas pela empresa Midas. Esta acusou, em comunicado, a RTP2 de desrespeitar o contrato de concessão e de fazer uma «afronta sistemática ao cinema português» - crítica já feita igualmente pelo Doc Lisboa e pelo recente «Manifesto pelo Cinema Português», subscrito por vários cineastas. Mais: segundo aquela produtora, a RTP2, chefiada por Jorge Wemans, enviou a «vários produtores correpondência em que os ameaçava de quebrar» a relação de trabalho por «se terem associado» ao citado Manifesto...

A ser isto verdade - e eu acredito que seja, pois os factos assim o indicam - isto é uma pouca-vergonha!

Em vésperas de mais um aniversário do 25 de Abril... Censura (mais uma)! Não está mal, não senhor...

Entretanto, vou pensar na comemoração, amanhã, do primeiro ano de vida deste blogue agri-doce. Até mais logo!

(PS - Entretanto, a ministra da Cultura parece que anda muito empenhada no «combate à destruição de livros retirados do mercado». Lembram-se da guilhotina da Leya? É ver o meu post de 21 de Fevereiro último.)