Hoje não consegui ir trabalhar por efeito da greve geral do sector dos transportes.
Mas acabo de ouvir, na rádio, o secretário de Estado dos transportes afirmar que a greve teve «efeitos mínimos»...
Pois é... Aldrabões não faltam por aqui!
Hoje não consegui ir trabalhar por efeito da greve geral do sector dos transportes.
Mas acabo de ouvir, na rádio, o secretário de Estado dos transportes afirmar que a greve teve «efeitos mínimos»...
Pois é... Aldrabões não faltam por aqui!
Passaram-se algumas coisas por aí, sobre as quais não tive tempo de falar.
Vamos a elas? De um modo geral, roçam a sem-vergonha…
1. Mais-valias…
O governo resolveu tributar umas certas mais-valias - no caso, as mais-valias mobiliárias. Já há quem diga que a coisa «atinge o coração da economia e fere de morte o valor da confiança» (coitadinha, como se a economia fosse coisa de confiança e coração tivesse…). Só que o governo conseguiu a proeza de colocar fora da tributação quem obtém maiores mais-valias: as SGPS (e também os proventos dos portugueses “patriotas” que oficialmente residem no estrangeiro)…
É obra! Obra tão grandiosa que mais valia…
2. «Moscou»?!...
O «Acordo Ortográfico» desencadeou uma pequena guerra na secção de língua portuguesa da Rádio França Internacional (RFI). Consta que uns brasileiros quiseram impor aos correspondentes coisas como Moscou em vez de Moscovo e terremoto em vez de terramoto; e ainda propinas em vez de luvas (quando se abordam casos de corrupção). O corresponde na Rússia, José Milhazes, recusou (e bem) a história do Moscou…
Por mim, sem comentários!!!
3. Névoa?…
Domingos Névoa, da Bragaparques, foi condenado ao pagamento de 5 mil euros por tentar corromper um vereador da Câmara Municipal de Lisboa. Recorreu. Um juiz do Tribunal da Relação de Lisboa ilibou-o agora, sob o “argumento” de que o vereador em questão não dispunha de poderes para fazer o que o sr. Névoa pretendia ver feito a troco de 200 mil euros… Houve corrupção, mas não houve...
Abençoada justiça esta! Não vive na névoa, mas sim num total negrume!!!
Depois de 43 dias de greve, os trabalhadores mineiros da Somincor (Minas de Neves-Corvo) forçaram a administração a sentar-se à mesa para negociar. Após várias rondas negociais, não se verificou qualquer acordo.
Assim, em plenário, os mineiros decidiram-se por nova greve. Esta irá ter lugar entre 5 e 11 de Maio. Recorde-se que a principal reivindicação dos mineiros é o aumento de 100 euros no subsídio de quem trabalha no funda da mina.
«O mais corrosivo de todos os ácidos é o silêncio.» |
Andreas Frangias (Grécia, n. 1921) |
De «Grace» - um disco de pura magia!
Para fechar este dia de aniversário, não encontrei melhor...
Há um ano atrás, mais ou menos por esta hora, teve início a aventura deste blogue. O barco largou o cais para parte incerta e sem ideia precisa do mar que apanharia pela frente.
Um ano de vida e de viagem… e o que vos posso dizer?...
Que procurei estar atento e fiel às minhas convicções; que aprendi coisas novas e descobri pessoas novas; que o mundo é incomensuravelmente grande; que pude continuar a surpreender-me - coisa imprescindível a qualquer vida que a si própria se mereça; que pude, talvez, surpreender outros também; que desesperei, chorei e ri.
Não sendo tudo, é ainda assim muito. Por estranho que isto possa parecer, acho que ganhei um novo irmão (ou irmã) e que tal facto me ajudou a manter-me vivo em alguns momentos mais difíceis.
Deste ano de deriva resultaram até agora 570 posts - incluindo este - e 551 comentários. Ou seja, em média, mais de um post e meio por dia, sucedendo praticamente o mesmo com os comentários (ainda que, entre estes, muitos sejam respostas minhas aos comentários surgidos). Por este prisma, também considero o balanço positivo.
Tenho a impressão que falta por aqui, porém, qualquer coisa ainda; algo de indecifrável. Mas talvez seja na realidade a mim que essa coisa falte (sobremaneira neste dia de hoje), e não propriamente ao blogue em si mesmo. A ver vamos.
Mas sei que gosto de vos ter por aí - uns mais ocultos do que outros, outros mais visíveis do que outros. E continuarei por aqui enquanto as forças não me faltarem, enquanto este blogue continuar a fazer sentido em mim.
Aproveito o ensejo para vos comunicar que repus umas fotografias que havia retirado (ver o post «Falar do Blogue»). Tal como na altura fez sentido “apagá-las”, tenho para mim que agora tal deixou de fazer sentido.
Abraça-vos. Renovo os agradecimentos feitos em 25 de Janeiro (no citado post) e acrescento o meu obrigado à «reptos», à «só avulso», à «spaghetti spot» e à «divagar sobre» - cujos respectivos blogues têm sido permanente companhia minha nos tempos mais recentes.
Continuemos a viagem. Continuemos o mar.
Deixem-me ser testemunho. Deixem-me ser a flor do cardo!
Este blogue faz hoje anos...
O tempo passa a correr!
Espero que continuem por aí, pois eu já volto. Gozem o sol deste dia e regressem aqui depois das 19 horas, pois será tempo de balanço.
LIBERDADE
Nos meus cadernos de escola
Na minha carteira e nas árvores
Nos areais e na neve
Escrevo o teu nome
Em todas as páginas lidas
Em todas as páginas brancas
Pedra sangue papel cinza
Escrevo o teu nome
Sobre as imagens douradas
Nos estandartes guerreiros
Tal como na coroa dos reis
Escrevo o teu nome
Nas selvas e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
No eco da minha infância
Escrevo o teu nome
Nas maravilhas das noites
No pão branco dos dias
Nas estações enlaçadas
Escrevo o teu nome
Nos meus farrapos de azul
No pântano sol alterado
No lago luar vivente
Escrevo o teu nome
Nos campos do horizonte
Sobre umas asas de pássaro
Sobre o moinho das sombras
Escrevo o teu nome
Em cada sopro de aurora
Na água do mar e nos barcos
Na serrania demente
Escrevo o teu nome
Na clara espuma das nuvens
Nos suores da tempestade
Na chuva insípida e espessa
Escrevo o teu nome
Nas formas resplandecentes
Nos sinos de muitas cores
Sobre a verdade da física
Escrevo o teu nome
Nas veredas bem despertas
Nos caminhos descerrados
Nas praças que se extravasam
Escrevo o teu nome
Na lâmpada que se acende
Na lâmpada que se apaga
Nas minhas casas unidas
Escrevo o teu nome
No fruto partido em dois
do meu espelho e do meu quarto
Na cama concha vazia
Escrevo o teu nome
No meu cão guloso e meigo
Nas suas orelhas erguidas
Na sua pata sem jeito
Escrevo o teu nome
Na soleira desta porta
Nos objectos familiares
Na língua de puro fogo
Escrevo o teu nome
Em toda a carne que tive
Na fronte dos meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo o teu nome
Na vidraça das surpresas
Nos lábios que estão atentos
Muito acima do silêncio
Escrevo o teu nome
Nos meus refúgios desfeitos
Nos meus faróis aluídos
Nas paredes do meu tédio
Escrevo o teu nome
Na ausência sem desejo
Na solidão despojada
Na escadaria da morte
Escrevo o teu nome
Sobre a saúde refeita
Sobre o perigo dissipado
Sobre a esperança esquecida
Escrevo o teu nome
E pelo poder da palavra
Recomeço a minha vida
Nasci para te conhecer
Nasci para te nomear
Liberdade
Paul Éluard (França, 1895-1952)