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Mai 10
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Um dia destes poiso os ombros em pleno chão; como quem faz o pino. Deixarei escorrer por mim todos os pesos e sombras que a vida me deu. Esse corrimento indistinto há-de fluir pela terra, há-de abraçar a água, penetrar a pedra, fundir-se ao magma. Ficarei leve.

 

Um dia destes cruzar-me-ei de novo com uma mulher em cujos olhos brilhe toda a esperança e faísquem todos os sonhos. E terei pudor de lhe dizer – e não direi – que a esperança e os sonhos morrem; depressa ou devagar, vão morrendo com o tempo. E seguirei o meu caminho e ela o dela, sem nunca saber se, noutro dia, nos voltaremos a encontrar.

 

Um dia destes cruzar-me-ei de novo com uma mulher em cujos olhos estale uma imensa tristeza, onde durma a mágoa dos sonhos perdidos, onde navegue uma esperança afogada sem aparente razão. E não terei pudor em lhe dizer (ou talvez tenha, quem sabe…, chegada a hora…) que não; que deve levantar o rosto do pisado chão que nos calhou em vida; que deve sorrir - tal qual a flor que espera o sol e espera a chuva; que há sempre sonhos que renovam outros. E seguiremos, sem nunca saber se nos voltaremos a ver.

 

Um dia destes…, voltarei a passar por ti; em qualquer lugar, inesperadamente. E o sangue pulsará febril de novo - trespassado por um silêncio que trará de volta todos os instantes, todas as recordações, todos os líquidos, todos os gritos, toda a brancura dos olhos que existe para lá da brancura dos olhos. E seguiremos ainda - sem nunca sabermos, provavelmente, como em nós teria sido e o que fizemos entretanto.

 

Um dia destes poiso os ombros no chão; pescoço quase em ângulo recto face ao resto do corpo. E depois deitar-me-ei no chão. E levantar-me-ei ou não. Mas ficarei leve; sim, leve como a brisa que adormece encostada a uma árvore, ou a uma lágrima. Ou fica reclinada em ti, em mim, em todos nós. E seguiremos; ou pelo menos a vida seguirá sobre o que sobrou de todos e de tudo - e tanto foi e é.

 

Um dia destes…, o sonho, a tristeza, a esperança, a mágoa, o levantar, o adormecer, o lutar, a menstruação, o primeiro choro de quem chega ao mundo… 

 

Um dias destes havemos de cantar. Um dia destes, um destes dias…

 

(Lisboa, 7 de Maio de 2010)

publicado por flordocardo às 20:28

 

Neste dia cinzento, rosas brancas para a Ónix.

 

 

       Para que nunca haja desistência.

publicado por flordocardo às 12:49

 

 

- Afinal parece que se registou mesmo um "erro humano" em Wall Street; foi um corretor que se enganou a teclar... A queda chegou aos 9 por cento, mas quedou-se pelos 3 por cento...

- O BE quer uma agência de rating europeia... E porque é que sendo europeia oferece mais garantias ou é melhor que as outras?...

- Jerónimo de Sousa meteu os pés pelas mãos em entrevista dada a Judite de Sousa. Só duvida quem não viu... «A direita», «a direita», e mais não disse...

- Fernando Nobre, candidato presidencial que já disse não ser de esquerda, nem de centro, nem de direita, diz agora à Antena Um que é da «esquerda patriótica», mas admite já poder ter votado em Cavaco Silva...

- Cavaco Silva, depois de defender há dias a «economia do mar», vai hoje à zona Oeste e estará em Peniche. O mar?... Ouvi bem?... E então quando foi primeiro-ministro o que fez Cavaco do mar, das pescas, dos portos, da marinha mercante? Não se lembram?...

- Constâncio voltou a Lisboa (fez de dama de honor do sr. Trichet) e defendeu que afinal talvez seja bom parar com os «grandes investimentos públicos» e apressar as medidas de austeridade contidas no PEC...

 

Porra! Estou a ensandecer!

 

Ou será que a estupidez, o oportunismo, a hipocrisia e a mentira são valores em ascensão no "mercado de capitais"?!...

 

publicado por flordocardo às 01:14

publicado por flordocardo às 00:51
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