03
Mai 10

 

Até hoje ainda não vos tinha dado a ler Camões.

Imperdoável? Certamente. Mas espero ser perdoado a partir de agora.

 

*

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(Tanto de meu estado me acho incerto)

 

Tanto de meu estado me acho incerto,

Que em vivo ardor tremendo estou de frio;

Sem causa, juntamente choro e rio;

O mundo todo abarco e nada aperto.

 

É tudo quanto sinto, um desconcerto;

Da alma um fogo me sai, da vista um rio;

Agora espero, agora desconfio,

Agora desvario, agora acerto.

 

Estando em terra, chego ao céu voando;

Numa hora acho mil anos, e é de jeito

Que em mil anos não posso achar uma hora.

 

Se me pergunta alguém porque assim ando,

Respondo que não sei; porém suspeito

Que só porque vos vi, minha Senhora.

 

                                                Luís de Camões

 

publicado por flordocardo às 02:11
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02
Mai 10

 

 

AVC. Sabem o que é?

 

Recebi a notícia ontem, pela hora do almoço. Manuela hospitalizada. Boa parte da tarde foi passada no Hospital da Luz.

Nem dá para acreditar. Expliquem-me lá como é que uma pessoa tão regrada, tão cuidadosa com a sua saúde passa por isto num ápice?

Tudo indica que foi coisa ligeira. Vamos a ver. Amanhã (dia de novo TAC) volto lá.

Manuela, força! Toda a força!!!

A música que postei há pouco vai para ti.

 

(PS - os fins-de-semana continuam à beira do tenebroso)

 

publicado por flordocardo às 17:45

publicado por flordocardo às 16:51
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01
Mai 10

 

 

(um caminho claro)

 

Um caminho claro

Uma clareira de palavras essenciais

onde o silêncio vibre

onde uma árvore seja bandeira

e arda

         - íntegra

                     livre

                           sob o sol

                                        sem pudor

 

(Cruz-Quebrada, 01-05-2010)

 

                                                             O Sol como nunca foi visto

                                                             Foto@EPA/NASA

 

publicado por flordocardo às 19:53

*

 

ELOGIO DA DIALÉCTICA

 

A injustiça avança hoje a passo firme.

Os tiranos fazem planos para dez mil anos.

O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são.

Nenhuma voz além da dos que mandam.

E em todos os mercados proclama a exploração: isto é

                                                           apenas o começo.

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem:

Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.

 

Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.

O que é seguro não é seguro.

As coisas não continuarão a ser como são.

Depois de falarem os dominantes.

Falarão os dominados.

Quem pois ousa dizer: nunca?

De quem depende que a opressão prossiga? De nós.

De quem depende que ela acabe? Também de nós.

O que é esmagado, que se levante!

O que está perdido, lute!

O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?

Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.

E nunca será: ainda hoje.

 

                             BERTOLT BRECHT (1898-1956)

 

(do livro «Beltolt Brecht – Poemas», Editorial Presença, Janeiro de 1976)

publicado por flordocardo às 12:55
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O CAMINHO DIFÍCIL

 

Ali está um caminho. É difícil ir pelo caminho

E por este caminho ainda ninguém foi.

Anda por aqui um perguntar medroso:

«Se por este caminho chegaremos a casa?»

 

E muitos param mesmo e reflectem

E olham para o caminho, difícil, comprido,

E de novo avançam tenazmente,

Movidos por um desejo medroso de chegar a casa.

 

Muitas vezes parece que o caminho se perde em nós

E que nós mesmos dificultamos o caminho difícil,

Quando, em desespero, nos queixamos: não há nenhum –

 

Mas então vemos à nossa frente os companheiros

E de novo parece que a bandeira flutua…

O caminho é difícil. E este é o único…

 

                                                     JOHANNES R. BECHER (Alemanha, 1891-1958)

 

(do livro «Poesia da RDA - breve antologia», Livros Horizonte, Janeiro de 1980)

 

Autumn highway with yellow trees on both sides

publicado por flordocardo às 03:26
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publicado por flordocardo às 02:09
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A Feira do Livro de Lisboa começou dia 29 de Abril e funcionará até 16 de Maio. Este ano, a feira festeja o seu 80º aniversário e será, certamente, uma iniciativa a marcar o panorama cultural da cidade. Com novos horários (12.30/23.30h de 2ª. a 6ª.f e 11/23.30h aos sábados e domingos) e novas proposta culturais, a Feira do Livro de Lisboa apresenta também uma agenda musical que animará as 18 noites da Feira.
 
publicado por flordocardo às 01:54

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