Houve ontem um grande concerto no Estoril Jazz!

Charles Lloyd nasceu em 15 de Março de 1938 em Memphis, Tennessee. Tem, portanto, 72 anos; mas não parece. Tocou e toca com grandes nomes do blues e do jazz. E isso nota-se. E também compõe - maravilhosamente.
O concerto de ontem, em formato de quarteto, trouxe-nos grandes músicos e grande música (o que nem sempre acontece em simultâneo).
No posto de comando, Lloyd levou-nos do Tennessee a Chicago e daqui a Paris; transportou-nos depois até às margens do Nilo e pôs-nos a ver constelações do alto de uma pirâmide; conduziu-nos em seguida à Àfrica mais negra e profunda; e dali para a América Latina e Caraíbas, talvez, até regressar às origens.
Com a música de Lloyd e seus pares viaja-se pela terra e pelo ar. Com a sua música reflectimos e dançamos; choramos e rimos; somos atirados ao chão, somos levantados do chão, somos postos a levitar. Com a sua música todos os nossos sentidos se apuram e ficamos maiores. Ficamos em festa e aplaudimos isso.
Há muito tempo que não tinha oportunidade de usufruir de sensações tão intensas ao ouvir/ver jazz (que o jazz, meus caros, é para “ouver”!).
Que quarteto!
Único senão? Por vezes o som. Sobretudo o do piano do fabuloso Jason Moran – muitas vezes abafado pelo conjunto. Já o Estoril Jazz do ano passado tinha, cá para mim, tido problemas deste tipo…
Seja como for, a coisa foi um verdadeiro happening como há muito tempo não constava cá no coiro do rapaz (exceptuando talvez o concerto da Mingus Big Band, aqui há uns tempos atrás)!
Numa próxima ocasião não percam Charles Lloyd!