Mas sente agora a minha crueldade sem defesa, porque to confesso e confesso em verdade e com verdade: se de alguma coisa tive medo foi do teu riso trémulo e poroso como um desmaio, do recorte dos ombros, da tua camisola verde - de um poema de Byron. E, sobretudo, sim, da tua grande, da tua imensa tristeza. E só por isso me doeu o deserto que te (e me) arrastava; tantas as mágoas, as afinidades, as cumplicidades. Porque nós somos únicos e raros. Juro. Eduarda Chiote (n. 1930) (do livro «O Meu Lugar à Mesa» - Quasi Edições, 2006)