*
«Liberdade de escolha
Era uma livraria que vendia um único livro. Havia 100 mil exemplares numerados do mesmo livro. Como em qualquer outra livraria os compradores demoravam-se, hesitando no número a escolher.»
Gonçalo M. Tavares
(do livro «O Senhor Brecht» - Editorial Caminho, 2004)
______________________________________________________
Ora, não sei porquê, lembrei-me disto a propósito dos discursos da reentré dos vários partidos. Que disse Passos Coelho? Nada. Que lhe respondeu Sócrates? A nada responde-se com nada, obviamente. Que disse Portas? Nada. Que disse Louçã? Nada.
NADA, porque este NADA quer dizer que todos eles se limitaram a formular propostas e propostazinhas, medidas e medidazinhas sem que se vislumbre nelas a mínima ideia sobre o país que acham que temos e sobre o país que acham que devemos ter. Ou seja, parece que a crise não existe nem tem uma dimensão trágica e global - quer para os que trabalham, quer para aqueles que nem emprego conseguem. As reformas, as alterações, os ajustamentos bastam? É tudo uma questão de "boa-vontade" e de voto? É isso, caros senhores?
Não, não é. E eles sabendo isso, todavia isso ocultam.
Com esta gente não há «liberdade de escolha», acreditem.