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O QUE APRENDI
Podemos ser pisados
Podemos cuspir sangue
É possível que sejamos forçados a lavar com mijo
as feridas abertas nas mãos
Podem mesmo encostar-nos à parede
fuzilar-nos
queimar depois os ossos para adubo
Pode acontecer-nos tudo.
Nunca calaremos
Nunca vergaremos
Nunca desistiremos
E teremos sempre
apesar de tudo sempre mãos
ou um simples olhar entre os nossos
entre nós
para o afago oportuno da ternura
Para os erguer do chão
Para hastear a dignidade bem acima da morte
Posso morrer de muita coisa
mas não disto que me ensinaram
(Cruz Quebrada, 20.09-06.10.2010)
(PS - Era mais ou menos um compromisso assumido voltar a falar-vos dos 40 anos do MRPP. Difícil. Não consegui. Mas espero que este poema que aqui deixo
releve essa minha falta.)
Pois é. Mais um anito por cá.
E aproveito para dar os parabéns à Teresa Ferreira, que também faz anos neste dia. Que faças muitos mais!