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Entre o sempre e o nunca

Entre o sempre e o nunca
é que as coisas acontecem
um segundo sem fôlego
quando menos se espera
o mundo transforma-se

afundado em si próprio
sete corações abaixo
é que de repente se imagina
uma época em que as pedras
começam a sangrar.

(do livro «Ponto de Focagem do Oceano» - Quetzal, 2004)

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Passa hoje um ano sobre o devastador sismo ocorrido no Haiti. Deu origem a 230 mil mortos, 300 mil feridos e 1,5 milhões de cidadãos desalojados.

Um ano depois da catástrofe, mais de 90 por cento dos escombros continuam nas ruas e mais de 800 mil pessoas estão a viver em acampamentos improvisados (onde se estima que um surto de cólera já terá morto cerca de 3600 pessoas).

O balanço é desencorajador, creio eu. E as críticas ao atraso e à descoordenação das ajudas humanitárias surgem de várias fontes. Tudo indica que os países mais ricos, com os EUA à cabeça (e como era previsível), abandonaram o Haiti à sua sorte, depois de num primeiro momento o terem ocupado militarmente…