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Jan 11

 

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Tem dado que falar a “guerra” de uma parte do ensino privado contra o executivo de Sócrates. Mas, muitas vezes - como sucederá agora -, fala-se muito e pouco se acerta…

 

Em Novembro passado o governo, no quadro do OE/2011, aprovou um diploma que veio alterar o modelo de financiamento do ensino privado. Como se sabe, tal suscitou protestos, os quais continuam a ter lugar ainda hoje.

 

Fui indagar e descobri de olhos em bico que o Estado (nós, os contribuintes) financia o ensino privado existente numa média próxima dos 120 mil euros por turma. No ensino público (que é suposto não servir para dar lucro) essa média ronda os 80 mil euros por turma. Depois vi na televisão que no concelho de Arruda dos Vinhos, por exemplo, não havia escola pública (creio que ao nível do ensino secundário), sendo que a única escola que existia era assegurada por privados.

 

Conclusão: andamos a financiar as escolas privadas mais do que as públicas, o que constitui uma constatação “digna” da realidade do tão badalado “Estado Social”... Depois, acresce que isto é uma vergonha ser assim, 36 anos depois do 25 de Abril e da instauração da democracia (democracia?!) em Portugal, não acham? Porque será que o município de Arruda dos Vinhos, em pleno distrito de Lisboa, não tem uma escola pública após tantos anos de “democracia” e de rios de dinheiro vindos de Bruxelas? Eis uma pergunta à qual Cavaco Silva e seus seguidores na governação - onde se inclui Sócrates -, deviam responder, não acham?

 

Portanto, a presente “guerra” tem muito que se lhe diga…

 

Nomeadamente isto: se famílias trabalhadoras têm os seus filhos nas tais escolas privadas que agora estão postas em causa, no todo ou em parte, pelo referido diploma do governo, a solução política de fundo que tais famílias devem reivindicar desde já do Estado, do governo, é só uma: queremos escolas públicas nos locais que ainda as não têm, porra!

 

Ou seja: a solução, para as famílias pobres (que das outras não quero simplesmente saber) não passa por reclamar do Estado a manutenção dos privilégios financeiros de que usufruem as escolas privadas - as quais, pela sua natureza, se destinam a proporcionar lucro aos seus detentores (sejam eles, como muitos são, empresários, a Igreja Católica, os Meninos de Deus ou as Irmãs do Islão…)!

 

Espero ter-me feito entender.

 

publicado por flordocardo às 18:37

Janeiro 2011
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