*
Afinal, acho que este ano de 2001 só hoje é que verdadeiramente
vai começar para mim...
*
Afinal, acho que este ano de 2001 só hoje é que verdadeiramente
vai começar para mim...
* *
II Soneto para Cesário
Se te encontrasse, agora, na paisagem
nocturna dos fantasmas da cidade,
contava-te dos nossos pobres versos
no teu rasto de sombra e claridade
Contava-te do frio que há em medir
a distância entre as mãos e as estrelas,
com lágrimas de pedra nos sapatos
e um cansaço impossível de escondê-las
Contava-te – sei lá – desta rotina
de embalarmos a morte nas paredes,
de tecermos o destino nas valetas
De uma história de luas e de esquinas,
com retratos e flores da madrugada
a boiarem na água das sarjetas.
Dinis Machado (1930-2008)
(extraído da Revista «Ler», nº 74 – Novembro/2008)