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Lá me mandaram isto, com a nota de «parabéns (atrasados) ao blogue»...
Obrigado!
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Lá me mandaram isto, com a nota de «parabéns (atrasados) ao blogue»...
Obrigado!
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Poema (quase) na hora
Por entre escadas e elevadores
análises raios xis e papéis
deu para ver que a noiva estava linda
que o vestido dela lindo era
que estava tudo muito limpo e arrumado…
Mas nada comparável nada
ao aprumado e viril garbo dos cavalos!
(Lisboa, 29-04-2011)
Foto REUTERS
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Eucaliptal
Quem regressa a Portugal regressa ao medo
de falar sem alçapões de protecção
conventual, ao respeitinho pelos títulos
de borra, à timidez de protestar nas oficinas,
nos empregos, nos polés, nos hospitais.
Volta ao gozo bichaneiro da franqueza
pelas costas, ao bitate regougado
pela incúria, ao leve gás do palavrão
desopilante, pusilânime, vendado,
ao complacente desamor da liberdade.
Regressar a Portugal é regressar
ao desapego por direitos e deveres,
à indiferença pela história colectiva,
pelo que quer que sobrepuje o cá-se-vai
dum comodismo sem coragem nem prazer.
É regressar a horizontes de betão
e eucalipto, a frustrados atoleiros
de automóveis à deriva, ao fanico
de salários sobrevivos, mordaçantes,
ao cajado da lisonja e da preguiça.
Quem regressa a Portugal, regressa ao tempo,
sobretudo, da infância, que o lugar
já foi levado (não me canso de o dizer,
nem me conformo) pelo tufão da mais-valia
predial. Mas se o tempo da infância
cabe inteiro na memória, quem regressa
a Portugal, regressa a quê e para quê?
José Miguel Silva
(do livro «Erros Individuais» - Relógio d’Água, 2010)
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Estamos mais pobres. Faleceu ontem à noite o Professor Vitorino Magalhães Godinho (nasceu em Lisboa, em 9 de Junho de 1918), figura de referência da historigrafia portuguesa e pioneiro das Ciências Sociais no nosso país. Possui uma obra fundamental sobre a história dos descobrimentos portugueses e há pouco tempo atrás publicou um notável ensaio sobre a Europa.
Sempre o tive em conta na qualidade de um democrata e patriota consequente. Penso que nunca vendeu as suas convicções por um prato de lentilhas.
Urge (re)lê-lo.
Algumas obras:
- “A Economia dos Descobrimentos Henriquinos” (1962) e “Os Descobrimentos e a Economia Mundial” (editado em dois volumes, em 1963 e 1970);
- “A Estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa” (1971);
- “Mito e Mercadoria, Utopia e Prática de Navegar, Séculos XIII-XVIII” (1990);
- “Portugal: a emergência de uma Nação” (2004).
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Foi boa a viagem até Constância, na passada segunda-feira!
Mas há por ali algo que já tem a ver com a crise actual. Eu depois explico melhor.
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«Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi.
É um coio de indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!»
Assim falava Almada Negreiros, em 1915, no seu Manifesto Anti-Dantas e por extenso e tudo!
Ora isto faz-me lembrar, não sei..., os discursos ontem pronunciados no Palácio de Belém.