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- Sempre que me foi possível, afirmei publicamente que, mais tarde ou mais cedo, haveríamos de pagar com língua de palmo as “ajudas” comunitárias vindas da Europa. As “ajudas” à destruição do nosso tecido produtivo, a pretexto da “modernização”, do “aumento da produtividade” e da “integração europeia”; as “ajudas” do set-aside (limites à produção, através de restrições ao uso da terra); as “ajudas” ao betão; os FEOGA, os FEDER, os FSE, etc.
Fazia então, com alguns outros, parte de uma minoria - da minoria que assim pensava. Mas agora a realidade impôs-se: chegou inapelavelmente a hora de pagar. Diz-se que não há almoços grátis. Não há mesmo e todos os sabemos desde há muito. Chegou a hora de pagar com língua de palmo tanta “amizade” e “solidariedade”. Afinal, a minoria tinha razão!
- Está em curso há várias semanas consecutivas a propaganda acelerada de uma cartilha (e não é a Cartilha João de Deus): a cartilha do pague-se aos credores. Com efeito, não se vê nenhum dos partidos parlamentares a dizer algo diferente. E, em consequência, as medidas de austeridade, sejam elas quais sejam, estão assim justificadas e podem mesmo ser agravadas a qualquer momento.
Repudio isto totalmente!
Aliás, é preciso dizer claramente que qualquer recurso a ajuda externa ao nosso país não visa outra coisa que não seja garantir aos credores que os devedores vão pagar o que devem.
Com partidos assim (e banqueiros também!) não escapamos à bancarrota, pois objectivamente os mesmos estão do lado da barricada dos credores e dos especuladores.
- Falando de dívida e de défice… Que dizer do que nesta matéria se passa nos EUA, na Itália ou na Bélgica? Porque será que estes países não estão a ser alvo dos chamados mercados? Não dá que pensar?...
- A “ajuda” à Grécia?... A Grécia tem neste momento 15 por cento de desempregados, sendo que os salários reais dos trabalhadores gregos se reduziram em cerca de 30 por cento…
E por agora…