10
Abr 11

 

*  *

 

«Que peso tem a nossa infelicidade no grande mecanismo das estrelas e do sol? Quer lá saber de nós, o bom Deus! Não temos o pão nosso senão por meio de um duelo terrível e de cada dia. E só a terra permanece a imortal, a mãe de onde saímos e onde regressamos, aquela que amamos até ao crime, que refaz continuamente a vida para a sua finalidade ignorada, mesmo com as nossas abominações e as nossas misérias.»

 

Émile Zola (in «La Terre»)

 

publicado por flordocardo às 13:17
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09
Abr 11

 

*  *

 

Para o governo, a implementação do pagamento de portagens nas SCUT foi considerado ilegal, ou seja, um governo de gestão não podia avançar com a medida. Para tal decisão, baseou-se num parecer emanado de uma comissão "especializada" da própria Assembleia da República, o qual considerou que levar por diante o pagamento das ditas portagens seria inconstitucional.

Momentos depois, eis que o mesmo governo considerou legal e constitucional pedir ajuda ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira e ao FMI. Mais ainda: o governo achou poder participar nas negociações dessa famigerada "ajuda" - contradizendo expressamente o que dias antes o ministro das Finanças declarara publicamente na televisão (lembram-se?).

Digam-me lá se isto não está pior no que no Burkina Faso?

 

publicado por flordocardo às 14:12

publicado por flordocardo às 01:13
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08
Abr 11

A Doutrina do Choque from Muito Aterrorizado on Vimeo.

 

É longo mas imprescindível. Oportuníssimo nos tempos que hoje correm (capturei-o há poucos minutos e segui o apelo de o divulgar).

 

publicado por flordocardo às 22:52

06
Abr 11

 

*

 

Agora sim: através do discurso televisivo de José Sócrates, a guerra acaba de nos ser declarada. E foi subscrita, logo em seguida, por Passos Coelho.

 

Às armas!

 

publicado por flordocardo às 20:59

 

*

 

- Sempre que me foi possível, afirmei publicamente que, mais tarde ou mais cedo, haveríamos de pagar com língua de palmo as “ajudas” comunitárias vindas da Europa. As “ajudas” à destruição do nosso tecido produtivo, a pretexto da “modernização”, do “aumento da produtividade” e da “integração europeia”; as “ajudas” do set-aside (limites à produção, através de restrições ao uso da terra); as “ajudas” ao betão; os FEOGA, os FEDER, os FSE, etc.

Fazia então, com alguns outros, parte de uma minoria - da minoria que assim pensava. Mas agora a realidade impôs-se: chegou inapelavelmente a hora de pagar. Diz-se que não há almoços grátis. Não há mesmo e todos os sabemos desde há muito. Chegou a hora de pagar com língua de palmo tanta “amizade” e “solidariedade”. Afinal, a minoria tinha razão!

 

- Está em curso há várias semanas consecutivas a propaganda acelerada de uma cartilha (e não é a Cartilha João de Deus): a cartilha do pague-se aos credores. Com efeito, não se vê nenhum dos partidos parlamentares a dizer algo diferente. E, em consequência, as medidas de austeridade, sejam elas quais sejam, estão assim justificadas e podem mesmo ser agravadas a qualquer momento.

Repudio isto totalmente!

Aliás, é preciso dizer claramente que qualquer recurso a ajuda externa ao nosso país não visa outra coisa que não seja garantir aos credores que os devedores vão pagar o que devem.

Com partidos assim (e banqueiros também!) não escapamos à bancarrota, pois objectivamente os mesmos estão do lado da barricada dos credores e dos especuladores.

 

- Falando de dívida e de défice… Que dizer do que nesta matéria se passa nos EUA, na Itália ou na Bélgica? Porque será que estes países não estão a ser  alvo dos chamados mercados? Não dá que pensar?...

 

- A “ajuda” à Grécia?... A Grécia tem neste momento 15 por cento de desempregados, sendo que os salários reais dos trabalhadores gregos se reduziram em cerca de 30 por cento…

 

E por agora… 

 

publicado por flordocardo às 12:44

publicado por flordocardo às 00:05
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05
Abr 11

 

*  *

 

O PORTO (*)

 

Sob o ventre dos barcos lençóis de água

em ondas por dentes alvos laceradas.

Chaminés suspirando como se corresse

pelos tubos de bronze amor e incontinência.

Juntavam-se os barcos nos cais de chegada

ao mamilo vasto da sua mãe de ferro.

Nas orelhas moucas dos vapores

abrasavam os brincos das âncoras.

 

(1912)

Vladimir Maiakovski (Rússia, 1894-1930)

 

(*) Neste poema registam-se impressões do porto de Nikoláevski.

 

(do livro «Obras de Maiakovski – Volume I: Eu Próprio - Poesia 1912/1916» - Editora Vento de Leste, Abril/1979)

 

 

publicado por flordocardo às 17:57
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§ § §

 

O NAVIO DE ESPELHOS

 

 

O navio de espelhos
não navega, cavalga

Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível

Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos

(Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele)

Os armadores não amam
a sua rota clara

(Vista do movimento
dir-se-ia que pára)

Quando chega à cidade
nenhum cais o abriga

(O seu porão traz nada
nada leva à partida)

Vozes e ar pesado
é tudo o que transporta

(E no mastro espelhado
uma espécie de porta)

Seus dez mil capitães
têm o mesmo rosto

(A mesma cinta escura
o mesmo grau e posto)

Quando um se revolta
há dez mil insurrectos

(Como os olhos da mosca
reflectem os objectos)

E quando um deles ala
o corpo sobre os mastros
e escruta o mar do fundo

Toda a nave cavalga
(como no espaço os astros)

Do princípio do mundo
até ao fim do mundo


                                   Mário Cesariny (1923-2006)


(do livro «A Cidade Queimada» - Assírio & Alvim)

Gelo e navio.jpg
 

publicado por flordocardo às 01:46
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04
Abr 11

publicado por flordocardo às 01:49
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