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Mai 11

 

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(como não tenho lugar no silêncio onde morrem as gaivotas)

 

como não tenho lugar no silêncio onde morrem as gaivotas,

despeço-me no oceano e deixo que o céu me conheça.

talvez a serenidade possa ser as minhas mãos a serem uma

brisa sobre a terra e sobre a pele nua de uma mulher.

esse dia, esperança de amanhã, poderá chegar e estarei dormindo.

hoje, sou um pouco de alguma coisa, sou a água salgada

que permanece nas ondas que tudo rejeitam e expulsam

na praia. as gaivotas sobrevoam o meu corpo vivo. os meus

cabelos submersos convidam o silêncio da manhã, raios de sol atravessam

o mar tornados água luminosa. aqui, estou vivo e sou alguém muito longe.

 

                                                                        José Luís Peixoto (n. 1974)

 

(do livro «A criança em ruínas» - Quasi edições, Setembro/2001)

 

publicado por flordocardo às 13:13
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