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Carta a Anto
Dia Mundial da Poesia – 2005
Anto! Ando ver o meu país de banqueiros,
o meu país de pederastas e de políticos.
Ai o mar que é nosso!...
Um lindo mar, eu sei.
De empresários, desportistas radicais,
de jovens executivos e doutores.
(Não, já não é dos pescadores!)
É um mar de vender em pacotes aos turistas.
Ai o mar que é nosso!...
Um brando mar de agentes imobiliários
crescidos entre cifrões, a noite, pó branco e patos-bravos…
Anto! Anda ver o meu país de banqueiros,
de bancários, de vendedores, vendidos e gerentes.
Anto! Anda ver o meu pobre país dos detergentes.
Carlos Carranca
(do livro «Fátria» - Mar da Palavra - Edições, Ldª., 2008)