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Dez 11

 

*  *  *

 

As notícias que hoje nos chegam sobre o acordo germano-francês, destinado a "vencer" a actual crise e a ser apresentado na cimeira europeia dos próximos dias 8 e 9 deste mês, configuram um golpe de todo o calibre na famigerada virtude da União Europeia. Na realidade, a dupla Merkel-Sarkozy acaba de (pré)anunciar o fim da soberania económico-financeira da maioria dos Estados membros da UE, colocando a mesma sob as garras do imperialismo alemão!

 

Vejamos...

*

 

Enquanto os outros quinze países da zona euro se demitem de pensar e discutir a crise, Alemanha e França vão tomando as decisões conjuntas que melhor as servem, decisões que até aqui se têm caracterizado por uma total incapacidade de vencer a crise financeira e, ao mesmo tempo, pela intensificação crescente do controlo e domínio dos parceiros da moeda única.

Nos países dominados pelo eixo germano-francês, tanto os partidos do poder como os partidos da oposição parlamentar assobiam para o lado perante as tropelias do imperialismo alemão... Mas cumpre-nos denunciar e alertar tudo e todos para o significado e alcance do golpe que o eixo Berlim-Paris prepara para esta semana, com vista a dominar e espezinhar os países da zona euro e, a partir destes, todos os países (actuais e futuros) da União Europeia, se a União Europeia sobreviver - o que é cada vez mais improvável..

A moeda única foi desde sempre concebida, não como moeda comum de países parceiros e iguais entre si, mas como a principal arma do imperialismo alemão para o domínio e controlo da Europa. O euro nunca foi outra coisa do que o marco alemão disfarçado; e, numa primeira fase, serviu à Alemanha para liquidar as restantes moedas europeias que lhe podiam fazer frente. Facilmente o conseguiu, com excepção da libra inglesa, que não cedeu e se manteve operacional.

Com o euro e com as políticas industriais e agrícolas comuns, a Alemanha liquidou a economia dos países europeus mais fracos, como Portugal, e desindustrializou quase toda a Europa, com excepção da própria Alemanha e pouco mais.

Quando a moeda única deixou de contar com uma base económica forte nos países da chamada Eurolândia e da União Europeia, a mesma entrou necessariamente em crise, conduzindo ao aumento dos défices orçamentais e da dívida pública.

Assim que a crise do euro, juntando-se à crise americana do subprime, começou a fazer implodir os países europeus mais fracos e cada vez mais dependentes, a Alemanha, com a ajuda francesa do palhaço Sarkozy, desencadeou uma nova fase do seu ataque: a imposição aos países em situação difícil de uma política orçamental, económico-financeira suicidária; austeridade-recessão-austeridade-recessão...

Esta política conduzirá, no fim do presente ano, a um salto da dívida pública soberana dos países da zona euro para os cem por cento do PIB bruto da mesma zona.

Os 17 países do euro têm uma dívida soberana equivalente à sua produção interna bruta anual.

Os credores dos países da zona euro são, no essencial, os bancos alemães e seus consórcios. Isto significa que o imperialismo germânico controla, desde já, através do crédito dos seus bancos, toda a produção e todos os países da Eurolândia!

O que esta situação, criada com a constituição da União Europeia e a instituição do euro, significa é que, hoje, todos os países da zona euro trabalham, total ou parcialmente, para a Alemanha da senhora Merkel.

Agora que uma parte importante dos países do euro estão tecnicamente falidos (Grécia, Irlanda, Portugal, Itália, Bélgica, etc), é fácil para o imperialismo germânico  desferir sobre a zona euro o golpe fatal: ou morre o euro, porque já cumpriu a sua função, podendo mesmo pôr-se um fim à existência da UE, dado a Europa ser já presa definitiva do imperialismo alemão; ou impõe-se aos Estados da zona euro um corte dramático na sua soberania orçamental e financeira, e, por consequência, económica e política, obrigando esses países a aceitar uma política fiscal e orçamental imposta pelo eixo Berlim-Paris, ou seja, imposta pelo imperialismo germânico.

Uma destas políticas - provavelmente a segunda, tendo em conta as declarações e notícias de hoje - será imposta, sob a batuta de Merkel e do palhaço Sarkozy, aos países da zona euro na próxima cimeira europeia.

Seja como for, a cimeira europeia de 8 e 9 de Dezembro decidirá da perda da nossa soberania. Todos os países da Eurolândia ficarão sujeitas à teoria da «soberania limitada» (herdada do revisionista Leonid Brejnev, lembram-se?), ou seja, sob as garras do imperialismo germânico!

É claro que o Governo e a Presidência da República estarão representados nessa cimeira, para apadrinharem o elogio fúnebre do enterro do nosso país...

Porém, existe um "pequeno pormenor" com o qual os traidores nunca contaram ao longo da nossa história e que os levou sempre à derrota: é o Povo Português, que, mais uma vez, saberá erguer-se contra os traidores e contra o imperialismo!

Levantemos a nossa voz, em todo o lado, contra o golpe em preparação!

 

publicado por flordocardo às 20:32

 

Adriano cantando Manuel Alegre.

 

 

 

publicado por flordocardo às 15:46
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*   *

 

A um homem do passado

 

Estes são os tempos futuros que temia
o teu coração que mirrou sob pedras,
que podes recear agora tão fundo,
onde não chegam as aflições nem as palavras duras?

Desceste em andamento; afinal era
tudo tão inevitável como o resto.
Viraste-te para o outro lado e sumiram-se
da tua vista os bons e os maus momentos.

Tu ainda tinhas essa porta à mão.
(Aposto que a passaste com uma vénia desdenhosa.)
Agora já não é possível morrer ou,
pelo menos, já não chega fechar os olhos.

                                                                    Manuel António Pina (n. 1943)

 

(do livro «Nenhum sítio» - 1984)

 

publicado por flordocardo às 01:09
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*   * 

 

Os portugueses que ainda têm trabalho ganham cerca de metade - 55 porcento - do que se ganha na zona euro.

Porém, os gestores portugueses, grosso modo, auferem,

em média:                   

              

- mais 22,5% do que os  franceses;       

- mais 32% do que os americanos;

- mais 55 % do que os  finlandeses;

- mais 56,5% do que os  suecos.

 

No mínimo, mesmo considerando a hipótese dos gestores estrangeiros auferirem umas alcavalas por debaixo da mesa, acho que estes gestores portugueses deviam ser convocados para a ajuda ao pagamento integral da dívida, repetidamente sustentado pelo PSD, o CDS-PP e o PS...

 

 

publicado por flordocardo às 00:23

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