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Dez 11

 

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Cá volto ao assunto... 

 

Fazendo publicidade a si mesma, a EDP dizia ser "de todos" (de todos os portugueses, é claro). Desde ontem, porém, a EDP passou a ser da Three Gorges Corporation, ou seja, do Estado chinês. O seu controlo passou da mão "de todos" os portugueses, para a mãos de um Estado, de um regime e de um governo chineses, os quais têm tudo a ver  com um capitalismo cada vez mais agressivo e imperial , e nada a ver com o socialismo e o comunismo...

Os accionistas da EDP pronunciaram-se sobre as propostas apresentadas; depois, a Parpública decidiu qual delas era melhor; seguidamente, o Conselho de Ministros adoptou a decisão final.

Veremos o que sucede daqui para a frente com as condições laborais dos trabalhadores da empresa e com os tarifários a cobrar aos consumidores...

Todavia, não estamos perante uma privatização, como é evidente, mas perante um negócio; um negócio com uma empresa estratégica para o nosso país, realizado (e justificado) a pretexto da crise.

Como a crise interessa mais do que o país, eis que o negócio assenta não tanto no valor directo de compra dos 21,35 por cento do capital social da EDP, por quase 2,7 mil milhões de euros, mas fundamentalmente nas contrapartidas aduzidas por acréscimo e que representam, aproximadamente, mais 6 mil milhões de euros. O Estado chinês, muito provavelmente, abrirá bancos em Portugal; por outro lado, comprará títulos da dívida portuguesa, amortizará parte das dívidas da EDP, financiará o BCP, abrirá uma unidade fabril no nosso país e permitirá a instalação de uma outra unidade fabril portuguesa na própria China...

Portanto, ao tomar o controlo da EDP, a China subornou o governo de Passos/Portas com crédito e investimento, ou seja, com dinheiro!

Mas o que ganha o Estado chinês com tal suborno? Uma testa-de-ferro no sector energético (seu enorme Calcanhar de Aquiles...) na Europa, com rumo alargado e garantido aos EUA e ao Brasil - países onde a EDP, como se sabe, tem negócios!

Bem se pode afirmar que o que ganham os chineses, perdem os portugueses...
Talvez nos reste a consolação de que aquilo que agora nos sucedeu irá acontecer igualmente nos restantes países da UE. A China não pode perder «oportunidades de negócio», pois não pode parar, sob pena de colapsar.

Assim, devemos, ou não, estar agradecidos ao governo Passos/Portas por este negócio que, segundo os responsáveis da Three Gorges Corporation, acaba de constituir uma decisão governamental «sábia e justa»?

 

publicado por flordocardo às 19:52

 

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O Conselho de Ministros procedeu ontem à selecção da China Three Gorges Corporation para efectuar a aquisição da totalidade das 780 633 782 acções representativas de 21,35 por cento do capital social da EDP - Energias de Portugal, S.A.

A venda irá ser efectuada pelo preço global de € 2.693.186.548, incorporando um prémio de 53,6 por cento em relação ao preço de mercado no dia 21 de Dezembro.

 

A nova estrutura accionista da EDP


China Three Gorges: 21,35%

Parpública : 3,70%

Iberdrola: 6,79%

Caja de Ahorros: 5,01%

José de Mello: 4,82%

Senfora: 4,06%

Grupo BCP: 3,37%

Norges Bank: 2,76%

Sonatrach: 2,23%

Banco Espírito Santo: 2,12%

Caixa Geral de Depósitos: 0,61%

EDP: 0,87%

Restantes accionistas: 40,28%

 

Voltarei ao assunto...


publicado por flordocardo às 01:18

 

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Passados 43 anos sobre a sua primeira publicação, a Fundação Calouste Gulbenkian acaba de reeditar o livro do geógrafo Orlando Ribeiro (1911-1997), intitulado «Mediterrâneo, Ambiente e Tradição», livro do que faz um retrato do mundo natural e humano da região mediterrânica. A introdução do livro é assinada pela viúva de Orlando Ribeiro, a geógrafa Suzanne Daveau.

 

A nova edição segue o texto da segunda edição, de 1987, mas apresenta uma ilustração fotográfica refeita que permite mostrar o esplendor natural e humano do mundo mediterrânico, aproveitando as potencialidades do arquivo de imagens do Centro de Estudos Geográficos de Lisboa, alimentado desde a sua criação pelas colecções de fotografias recolhidas por Orlando Ribeiro e seus colaboradores.

 

 

Um livro interessante e importante.

 

 

publicado por flordocardo às 00:57
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AINDA A POESIA

 

A poesia não é feita por um nem por todos,
nem esteve nunca na rua.
A poesia está na aspereza das coisas contra nós,
tão mais nítidas ao nosso olhar isento
quanto mais doem no coração silencioso.

 

                                                               Luís Filipe Castro Mendes (n. 1950)

 

(do livro «Lendas da Índia» - D. Quixote, 2011)

 

 

publicado por flordocardo às 00:01
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