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O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é - ou deveria ser - a mais elevada forma de arte.
Charles Chaplin
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O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é - ou deveria ser - a mais elevada forma de arte.
Charles Chaplin
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Só agora descobri este artigo publicado em Outubro na revista «Visão», mas o mesmo terá hoje mais actualidade do que nunca. Leiam, se faz favor, isto que tomo a liberdade de transcrever.
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Já se encontra nas livrarias o Dicionário Luís de Camões, o primeiro dedicado à vida e obra do poeta, elaborado por especialistas nacionais e estrangeiros sob coordenação de Vítor Aguiar e Silva, numa edição da Caminho.
Este Dicionário, considerado o grande acontecimento editorial de 2011, fornece aos leitores informação rigorosa e actualizada sobre a biografia, a obra lírica, épica, dramatúrgica e epistolar de Camões, a respectiva contextualização histórico-literária, os seus problemas filológicos e a influência e a crítica camonianas nos diversos períodos da literatura portuguesa.
O primeiro Dicionário dedicado ao poeta quinhentista inclui ainda informação sobre a recepção da sua obra nas principais literaturas mundiais, da espanhola à brasileira e norte-americana.
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MUDANÇAS DE NOME
Aos amantes das belas letras
faço chegar meus melhores desejos
vou mudar os nomes de algumas coisas
Minha posição é esta:
o poeta não cumpre sua palavra
se não muda os nomes das coisas.
Por que razão o sol há-de continuar a chamar-se sol?
Peço que se chame Micifuz
o das botas de quarenta léguas!
Meus sapatos parecem ataúdes?
Saibam que de agora em diante
os sapatos se chamam ataúdes.
Tudo bem, a noite é longa
todo o poeta que tenha auto-estima
deve ter o seu próprio dicionário
e antes que eu esqueça
o próprio deus deve mudar de nome
que cada um o chame como queira:
este é um problema pessoal.
Nicanor Parra (Chile, n. 1914)
(do livro «Poemas de salón - 1954-1962» - dado à estampa em 1962)
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Nas Filipinas
as trabalhadoras das fábricas
de bonecas de moda
recebem um bônus em dinheiro
se se esterilizam. Nas esteiras,
rodam com excesso de velocidade
pedaços de corpos.
Nada a ver com o famoso episódio da tv
quando Lucy e Ethel experimentam
um dia de trabalho, botando chocolates dentro de caixas
numa linha de produção nos Estados Unidos. Elas
enchem suas bocas com uma boa parte
dos doces que vêm velozmente, dão risadas
de baba marrom quando são despedidas porque
realmente não tem importância –
Ricky e Fred têm bons empregos.
Para provar que são eles mesmos os que devem trabalhar,
os garotos fazem uma bagunça na cozinha
da Lucy, uma panela de arroz explodindo
como um vulcão branco. As mulheres
nas Filipinas e noutros lugares ponderam
o big business, os benefícios de descontinuar
a própria linhagem. Nos seus sonhos
estas mulheres embalam úteros de Toys R Us
enquanto uma Barbie estéril, seu cabelo preso
sob um capacete de Lucite, finca a bandeira da Mattel
numa lua que pouco convence.
Denise Duhamel (EUA, n.1961)
(do livro «KINKY» - tradução da brasileira Miriam Adelman)
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Agora que o OE/2012 foi aprovado, este poema parece-me mais do que oportuno surgir aqui.
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Poema de agradecimento à corja | |||
Obrigado, excelências. Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade de vivermos felizes e em paz. Obrigado pelo exemplo que se esforçam em nos dar de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem dignidade. Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada. Por não nos darem explicações. Obrigado por se orgulharem de nos tirar as coisas por que lutámos e às quais temos direito. Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria. Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero. Obrigado pela vossa mediocridade. E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer. Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber. Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera. Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias um dia menos interessante que o anterior. Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar. Obrigado por nos darem em troca quase nada. Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade. Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço. E pelo vosso vergonhoso descaramento. Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer, o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar. Obrigado por serem o que são. Obrigado por serem como são. Para que não sejamos também assim. E para que possamos reconhecer facilmente quem temos de rejeitar. Joaquim Pessoa (n. 1948) |