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«Os erros são os portais da descoberta.»
James Joyce
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ULTRAPASSAR A MORTE
Quando menos estás à espera (ao
desfazer uma curva) ela
surge-te pela frente subitamente concreta.
Está lá sempre à tua espera.
A carrinha funerária: barra-te agora o caminho
(caixa de vidro vazia onde nem pensas entrar).
Impossível suborná-la
(guiar de olhos cerrados?)
num átimo a cingirias nesta
fila indiana. Por isso
pedal a fundo desperta da letargia
(as melhores anedotas contam-se nos funerais).
Quando menos estás à espera ela
toca-te na sorte e
(tens que o fazer pelos vivos:) tens
que
ultrapassar a morte.
João Luís Barreto Guimarães (n. 1967)
(do livro «A Parte pelo Todo» - Quasi, 2009)
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No âmbito das «Desconferências», no teatro municipal São Luiz, em Lisboa, ontem iniciadas sob o tema «O fim da crise», um dos oradores foi José Maria Ricciard, presidente do Banco Espírito Santo Investimento.
A dado passo do evento, eis que o homem afirmou que... «Temos de evitar a reestruturação da divida o mais possível porque se fizermos perder dinheiro àqueles que nos emprestaram dinheiro, esses não vão voltar a emprestar outra vez.»
Portanto, o banqueiro em questão ainda não percebeu que não podemos pagar e que não vamos pagar a dívida!
Compreendo, no entanto, a posição assumida por mais este "inteligente" da nossa praça, uma vez que o homem é banqueiro. Ora um banqueiro - dê por onde der - não foi feito para «perder dinheiro», não é assim?...
A tanta "inteligência", eu antes chamaria... coerência.
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A minha descoberta nas andanças de hoje. Um assunto actualíssimo e uma tomada de posição na qual me revejo.
Ora leiam lá...
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