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Vera Pires Coelho, presidente do conselho de Administração da Edifer - um dos potentados do sector da construção civil, com os maiores lucros acumulados no último triénio (2008/2010) -, enviou uma carta a 900 dos seus trabalhadores, anunciando-lhes que não irá pagar os salários e subsídios referentes a Dezembro de 2011.
A Soares da Costa, terceira maior empresa do sector, avisou também que irá despedir de imediato 900 trabalhadores, embora nada tenha dito ainda sobre a questão do pagamento de salários que tem em atraso.
Por outro lado, a FDO, outra das grandes empresas do sector, informou já que não pagará os salários em atraso e que irá despedir 300 trabalhadores.
Tudo isto se passa num sector em que as grandes empresas acumularam lucros gigantescos pelo menos até 2008, sector que, roubando trabalho já prestado pelos trabalhadores e roubando salários que nunca lhes pagou, conseguiu despedir nos últimos três anos 212 mil trabalhadores!
Esta é a consequência imediata do acordo de traição assinado por João Proença, da UGT, no conselho permanente da concertação social, acordo que os comparsas do negócio designaram pelo eufemismo de “compromisso para o crescimento, competitividade e emprego” e que não é outra coisa senão um golpe-de-mão para despedir centenas de milhares de trabalhadores portugueses sem justa causa, sem salários e sem indemnização.
Percebe-se agora muito claramente a razão pela qual um tal Ricardo António Pedrosa Gomes, presidente da FEPICOP (Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas), pediu recentemente ao governo PSD/CDS-PP a reestruturação do sector…
Os operários e trabalhadores da construção civil e obras públicas devem exigir aos seus sindicatos a organização da luta contra os despedimentos e o roubo do trabalho e de salários neste sector.
Deve ser marcada uma greve geral nacional para o próprio dia em que a Assembleia da República votar as alterações ao Código de Trabalho resultantes do acordo de traição assinado por João Proença. Esta é a correcta e imediata forma de luta a desencadear por um sector que está a ser liquidado em consequência da política do governo de traição PSD/CDS-PP.
(PS - ver também o post Manifesto dos Cem Mil, de 10 do corrente)