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Fev 12

 

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Lá estou eu a citar outra vez...

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Assunção Cristas: Uma questão de fé ou a tentativa

de iludir uma política de vende-pátrias

 

A ministra Assunção Cristas, que tutela uma infinidade de pastas e sectores que vão da Agricultura às Pescas, passando pelo ambiente e a política de gestão do Mar, tem pontuado as suas recentes intervenções a propósito da seca a que o país está sujeito e sobre os catastróficos efeitos que está a ter sobre a agricultura como sendo a fé a solução para o problema.

 

Claro está que quando o modelo da nossa economia - resultante da entrada da CEE em Portugal - assenta numa sistemática destruição do nosso tecido produtivo, numa total ausência de modernização e mecanização da nossa agricultura, que nos permita uma autonomia e independência face às quotas que a tróica germano-imperialista nos impõe para benefício do escoamento dos produtos franceses, espanhóis e outros, não há fé que possa alterar os efeitos desta política!

 

E como estamos numa maré de fé, até parece que o CDS se arvora agora em lídimo defensor da reforma agrária, ao propor um “arrojado” levantamento cadastral de todos os terrenos agrícolas do país para se determinar quantos pertencem ao Estado, quantos estão abandonados e “sem proprietário”, para se poder estabelecer um “banco de terras” a ser disponibilizado a todos os “interessados” em dedicar-se às diferentes actividades agrícolas. Apesar de não se conhecerem, ainda, muito bem os pressupostos deste chamado "banco de terras", podemos propor, desde já, algumas reflexões, a serem melhor sistematizadas quando houver mais informação:

 

1º Como se compagina este “programa” com a PAC (Política Agrícola Comum) que os sucessivos governos PS e PSD, acolitados pelo CDS, aceitaram assinar com a Comunidade Europeia? É que esta proposta visa, segundo palavras da própria ministra, a auto-suficiência em produtos agrícolas, quando nós estamos, por via dessa PAC, criminosamente sujeitos a quotas de produção que vão desde os vegetais, ao leite, passando pela produção de carne bovina, suína e caprina.

 

2ª Que tipo de "renda" (leia-se, imposto encoberto) terão os "candidatos" que pagar pela obtenção das terras que lhes interessarem?

 

3º Como se compagina com as supracitadas limitações que a PAC nos impõe, o acesso a subsídios europeus que permitam a mecanização e modernização da nossa agricultura?

 

4º Que plano de irrigação está previsto, e com que custos para os agricultores, quando, apenas a título de exemplo, é sabido que nem 10% do sistema de irrigação previsto para o Alqueva está a ser utilizado, pois os agricultores da região consideram os custos que são obrigados a pagar para estarem ligados à rede de irrigação extremamente elevados, fazendo com que os seus produtos não sejam competitivos em relação aos vizinhos espanhóis?

 

5º Que tipos de infra-estruturas, desde redes de frio a matadores, passando por sistemas de distribuição estão previstos no plano.

 

Ora, o facto de nenhum destes aspectos ter sido aflorado até agora leva-nos a crer que o que se pretende é basicamente o seguinte:

 

1º Livrar-se o governo das terras às quais era suposto assegurar a sua manutenção com vista a prevenir os incêndios;

 

2º Ter mais uma fonte de rendimento, mas sem consequente investimento;

 

3º Calar as vozes críticas daqueles que consideram que o estado a que chegou a nossa economia se deveu à sucessiva destruição do nosso tecido produtivo, levando-os a crer que se está, finalmente, a contrariar tal situação.

 

Em síntese, mais uma daquelas bandeiras – a que vão chamando de reformas estruturais – e que mais não servem senão para iludir a política de traição deste governo, em que já só uma minoria ainda vai tendo alguma fezada.

 

(Publicado por Luta Popular On-Line)

 

 

publicado por flordocardo às 22:25

publicado por flordocardo às 17:05
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