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A «Lusoponte» vai devolver o dinheiro das portagens cobradas em Agosto ao Estado.
A revisão do acordo foi assinada ontem. Passos Coelho garantiu já que não há nesse acordo compensação à «Lusoponte» pelo imposto adicional pago em 2011.
Pois... Mas há uma coisa que sempre me incomodou nesta história das parcerias público-privadas: os contratos celebrados, com todos os seus "cinzentos" anexos e apêndices, não são tornados públicos. Porquê?!...
Bem, os encargos para o Estado com as PPPs, até 2021, são de aproximadamente mil milhões de euros (a grande fatia destas parcerias diz respeito às rodovias, ferrovias e águas); as margens de lucro, saídas dos nossos bolsos para a iniciativa privada, variam entre os 12 e os 16 por cento...
As PPPs, recorde-se aqui, começaram em 1992, com Cavaco Silva. Daí para cá tem sido um fartote!
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Hoje as alterações às leis laborais vão a votos no Parlamento. Como é evidente, tais alterações visam prosseguir a via capitalista de continuar a fazer com que os trabalhadores paguem a crise - uma crise que não é deles e que eles não provocaram.
As posições dos partidos parlamentares estão já definidas para esta votação na generalidade. Mas atenhamo-nos, por agora, à posição do PS. A decisão "socialista" sobre tão sinistras medidas é a da abstenção, anunciando para mais tarde propostas de alteração na discussão na especialidade. A coisa, como se sabe, não está a ser pacífica...
Mas seria de esperar outra atitude por parte de Seguro? Não seria.
Seguro é mais um daqueles personagens caricatos que sempre procuram, de forma desesperada, sentar o traseiro em duas cadeiras ao mesmo tempo; e os quais, por vezes, tentam mesmo saltar por cima das suas próprias cabeças. Os resultados desta atitude estão à vista: o PS está cada vez mais isolado junto dos trabalhadores (ainda bem!) e já nem consegue pôr ordem na sua própria casa, pois nessa cada um puxa para seu lado (ainda bem também!).
Conclusão: o oportunismo não compensa!
Quanto ao mais, se pensam que o Código de Trabalho em preparação vai ser bem digerido pelos trabalhadores, pois... tirem o cavalinho da chuva!
Podem vir o Passos, o Portas, o Gaspar, o Relvas, o Álvaro, o Seguro e o inefável Proença, da UGT; podem vir a troika e a polícia; podem..., pois podem. Mas nós diremos basta! Não, não pagamos!
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(Busque Amor novas artes, novo engenho)
Busque Amor novas artes, novo engenho
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
... Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Pois não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde;
Vem não sei como; e dói não sei porquê.
Luís de Camões