06
Jul 12

 

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O VERÃO

 

Estás no verão,
num fio de repousada água, nos espelhos perdidos sobre
a duna.
Estás em mim,
nas obscuras algas do meu nome e à beira do nome
pensas:
teria sido fogo, teria sido ouro e todavia é pó,
sepultada rosa do desejo, um homem entre as mágoas.
És o esplendor do dia,
os metais incandescentes de cada dia.
Deitas-te no azul onde te contemplo e deitada reconheces
o ardor das maçãs,
as claras noções do pecado.
Ouve a canção dos jovens amantes nas altas colinas dos
meus anos.
Quando me deixas, o sol encerra as suas pérolas, os
rituais que previ.
Uma colmeia explode no sonho, as palmeiras estão em
ti e inclinam-se.
Bebo, na clausura das tuas fontes, uma sede antiquíssima.
Doce e cruel é setembro.
Dolorosamente cego, fechado sobre a tua boca.

                                                           José Agostinho Baptista (n. 1948)

 

(do livro «Paixão e Cinzas» - Ed. Assírio&Alvim, 1992)

 

 

 

publicado por flordocardo às 00:16
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05
Jul 12

 

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       I. «Os economistas têm uma singular maneira de proceder. Para eles, apenas existem dois tipos de instituições, as da arte e as da natureza. As instituições do feudalismo são instituições artificiais, as da burguesia são instituições naturais. Nisso são parecidos como os teólogos que, também eles, estabelecem duas espécies de religiões. Toda religião que não é a sua é uma invenção dos homens, enquanto a sua própria religião é uma emanação de Deus. Ao afirmarem que as relações actuais - as relações de produção burguesas - são naturais, os economistas dão a entender que são essas as relações nas quais se cria a riqueza e se desenvolvem as forças produtivas de acordo com as leis da natureza. Portanto, essas relações são por si mesmas leis naturais independentes da influência do tempo. São leis eternas que devem reger sempre a sociedade. Desse modo, houve história, porém já não há mais. Houve história, visto que houve instituições feudais, e que nessas instituições do feudalismo se encontram relações de produção totalmente diferentes das da sociedade burguesa, que os economistas querem fazer passar por naturais e, por isso, eternas.»

       II.  «Os economistas querem que os operários permaneçam na sociedade tal como ela está formada e tal como eles a consignaram e sancionaram nos seus manuais. Os socialistas querem que os operários deixem de lado a sociedade antiga para que possam entrar melhor na sociedade nova que tão previdentemente preparam para eles.» 

       III.  «Entretanto, o antagonismo entre o proletariado e a burguesia é uma luta de uma classe contra outra, luta que, levada à sua expressão mais alta, é uma revolução total. Ademais, é de provocar espanto que uma sociedade, fundada na oposição de classes, conduza à contradição brutal, a um choque corpo-a-corpo como derradeira solução?» 

                                       Karl Marx (in «Miséria da Filosofia» - Julho de 1847)

 

publicado por flordocardo às 00:03

04
Jul 12
publicado por flordocardo às 21:52
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03
Jul 12
publicado por flordocardo às 01:15
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«Amigo que não presta e faca que não corta: que se percam,

pouco importa.»

 

 

publicado por flordocardo às 00:58

02
Jul 12

 

 

publicado por flordocardo às 23:00
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Recital «Próspero Morreu» de Ana Luísa Amaral

 

Em Próspero Morreu, aquele que é o seu primeiro texto em forma dramática, Ana Luísa Amaral (n. 1956) convoca vozes vindas de tempos diferentes e tradições diversas, que falam do amor, do poder, da ambição – e da magia. “Próspero morreu” e, com ele, uma ordem chegou também ao fim. “Sem liberdade é o poder um monstro / de braços bifurcados e língua bifurcada / onde se alojam leis sem pensamento / e se torna viscoso o coração” – o aviso é de Ariel, “ser vindo do caos e do abismo”, cuja voz anuncia a chegada à ilha de gentes de paragens várias. Será na ilha que se entrecruzam os vários fios que dão lugar às histórias de Penélope, de Teseu e Ariadne, de Bárbara (a escrava) e Luiz, e também à história de amor entre Ariadne e Caliban.

 

Neste espectáculo (na Casa Fernando Pessoa, dia 10 de Julho pelas 18h30), com entrada livre limitada aos lugares disponíveis, a voz do piano de Álvaro Teixeira Lopes cruza-se, como fio, com as vozes de Ana Luísa Amaral, Alexandra Moreira da Silva, Daniel Pinto e Luís Lucas, e ilumina as vozes deste poema que se diz “em acto”.

 

 

publicado por flordocardo às 13:46
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01
Jul 12

 

 

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«A água corrente não mata a gente.»

 

publicado por flordocardo às 17:02

Se fosse viva, Amália faria hoje 92 anos.

publicado por flordocardo às 16:52

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