01
Out 12

 

publicado por flordocardo às 13:42
tags:

 

*   *   *

 

Impasse? Sim, encontramo-nos num impasse.

O governo Coelho/Portas, executivo a soldo da troika, está ferido de morte depois das últimas manifestações populares verificadas no país; está tão ferido que uma parte significativa da classe dominante já nele não se revê nem acredita - como bem revelam as “trocas de galhardetes” dos últimos dias entre vários personagens sinistros (Coelho, Belmiro, Pires de Lima, Borges, António Saraiva, Soares dos Santos, Mira Amaral, Botton, Marcelo, Seguro, etc.).

Mas se a burguesia revela não se entender ainda na busca de uma alternativa ao actual governo (o que congemina são soluções intermédias, provisórias e de último recurso), sucede igualmente que os operários e o povo em geral também não dispõem ainda de força política e organização suficientes para impor aquilo de que o país precisa com urgência: um governo democrático patriótico, um governo que coloque um travão ao desastre para que Portugal caminha.

Esta situação é boa e perigosa ao mesmo tempo. É boa, por demonstrar que a consciência política do povo evoluiu positivamente no caminho da revolução e que a história dos seus “brandos costumes” não passa disso mesmo: de uma história (de um mito). E é má, uma vez que este impasse, este equilíbrio precário entre o progresso e o retrocesso, entre a revolução e a contra-revolução, possibilita o aparecimento de pretensas soluções de cariz tecnocrático e mesmo bonapartista. De facto, um qualquer senhoreco pode assumir-se como “salvador da pátria”, arrastando atrás de si uma parte significativa dessa classe sempre hesitante que é a pequena-burguesia, hoje eufemísticamente designada por “classe média”, classe que hoje se encontra claramente em polvorosa com a crise. Há exemplos históricos suficientes que nos mostram que uma tal possibilidade existe.

Não há quem pense que o evoluir das coisas se encontra nas mãos de Cavaco Silva? Há. Nas mãos de Cavaco Silva ou de qualquer outro “salvador da pátria” que se apresente a declarar «Aqui estou eu!»…

A conquista de um governo democrático e patriótico para o país passa por ter plena consciência desta situação de impasse, das suas potencialidades e dos seus riscos. Essa conquista impõe que a classe operária assuma a direcção dos acontecimentos, ou seja, que ela consiga atrair para as suas posições revolucionárias a pequena-burguesia; ela conseguirá isso se definir um programa de luta e uma táctica adequadas ao momento presente.

O primeiro problema é que, apesar do seu inenarrável isolamento, o governo Coelho/Portas continua no poder e a legislar contra o povo e o país. Assim, o primeiro objectivo a alcançar é… derrubar o actual governo!

Derrubar o governo Coelho/Portas é conquistar um primeiro objectivo: impor a democracia. Não nos servem “soluções” saídas do Parlamento ou de Belém.

Mas o que sustenta este governo? A troika. E qual a arma, o instrumento da troika (e do governo) para nos esmagar? A dívida, a famigerada dívida. Com efeito, a treta da dívida é o centro de gravidade de tudo o mais. A dívida é o instrumento da contra-revolução para esmagar a revolução, o instrumento de toda a burguesia para esmifrar os operários e demais trabalhadores, para elevar a exploração do Trabalho pelo Capital a níveis inauditos. Sendo assim, a atitude política face à dívida constitui uma verdadeira pedra-de-toque na situação actual.

Sobre a dívida, note-se que neste ano teremos de pagar 9 mil milhões de euros só em juros do chamado “resgate”!

Diga-se que estes 9 mil milhões de euros representam sensivelmente 5 por cento do nosso PIB…

Na verdade, se a dívida constituía cerca de 100 por cento do PIB nacional quando Sócrates decidiu pedir “ajuda” externa, agora a mesmo importa em 124 por cento do PIB português. Esta dívida é impagável e tem que ser rejeitada sem pejo!

Rejeitar a dívida, afirmar que não a pagamos, é abrir caminho, no fundo, a um segundo objectivo: a independência nacional.

Impor a democracia e repor a independência nacional constituem objectivos que desembocam num outro, também ele imperioso: promover um novo programa de desenvolvimento económico do país. Um tal programa está e estará nos antípodas do modelo de “desenvolvimento” que, à nossa revelia, nos foi sendo imposto durante as últimas décadas pelo grande capital internacional (sobre isto tentarei falar noutra altura).

Vislumbra-se agora uma nova greve geral. Ora essa greve geral deve ir para a frente tendo por objectivos aqueles que acabo de enunciar: derrube do governo, defesa de um governo democrático patriótico que repudie a dívida e sustente um plano de desenvolvimento económico que efectivamente sirva o povo e o país.

A greve geral não constitue um "último recurso", como defendem uns quantos oportunistas; a greve geral é a nossa primeira arma na presente situação! 

Voltarei ao assunto? É o mais certo. 

 

publicado por flordocardo às 13:26

Outubro 2012
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
12

16
18

24
27

30
31


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO