25
Jan 13

 

*   *   *

 

POEMA

 

silenciosamente aproximo-me do poema

circundo-o duma palavra    faço nela

uma incisão deliberada

 

e exponho a ferida ao ar sem protegê-la

para que infecte e frutifique

 

de resina    ainda com gosto a papel húmido

o poema cresce    ramifica-se

comovidamente do cerne para a casca

inteiro    liso    adstringente   sinuoso

 

mas

todo o poema é perfeitamente impuro

 

 

                                        Vasco Graça Moura (n. 1942)

 

(do livro «Poesia Reunida - vol. 1 - 1962-1997» - Quetzal Editores, Outubro/2012)

 

publicado por flordocardo às 23:29
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Janeiro 2013
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