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A Câmara Municipal de Cascais dispõe de uma entidade designada por “Cascais Próxima - Gestão da Mobilidade, Espaços Urbanos e Energias” que, entre outras coisas, provavelmente inconfessáveis, trata de promover multas por estacionamento automóvel indevido e sua respectiva execução.
No passado dia 9 o meu filho foi autuado por uma agente da “Cascais Próxima” na Parede, por ter deixado o seu carro em “zona de estacionamento de duração limitada, sem efectuar o respectivo pagamento”. A multa (“coima aplicável”, oscilando entre 30 a 150 euros) devia ser paga no prazo de 5 dias úteis, em Cascais, devendo o autuado apresentar-se munido do Cartão de Cidadão, BI ou Passaporte e respectiva Carta de Condução.
Como o meu filho já não podia deslocar-se a Cascais nesse dia e no seguinte ia trabalhar para os Olivais, em Lisboa, eu fiquei de tratar do assunto por ele, julgando poder fazê-lo mesmo não sendo eu o autuado. Puro engano, meus caros…
No dia 14 dirigi-me até Cascais, munido de 60 euros (não fosse o diabo tecê-las…), do bilhete deixado pela agente no carro do meu filho e do meu BI. Ao apresentar o dito bilhete/multa foi-me perguntado se era o proprietário da viatura. Respondi que não, que era o pai do autuado. Pediram-me então a minha Carta de Condução, tendo eu respondido que não possuía tal coisa, mas que tinha o meu BI (que logo apresentei) e estava disposto a pagar a coima e assinar os papéis que fossem necessários. Que não senhora, não podia ser; ou apresentava Carta de Condução, ou então teria o próprio proprietário da viatura que se dirigir ali para tratar do assunto. Expliquei que o meu filho estava impossibilitado de o fazer e que ou recebiam o meu dinheiro ou ninguém pagava nada… “Então faça como entender…”, responderam-me.
Antes que eu perdesse a cabeça, resolvi virar costas e desandar dali.
Ficam V. Exas. a saber, nestes termos, que para pagar em Cascais uma multa por estacionamento indevido é preciso ir lá alguém munido de Carta de Condução; pode ser o tio, ou a prima, ou o padrinho do autuado desde que disponha da dita Carta, mas não o pai do autuado sem a mesma. Chama-se a isto "eficiência"... "Eficiência" numa edilidade chefiada pelo PSD.
E esta, hem?!
Alguém me explica, please?...
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Reuni até agora 120 dos meus poemas. É altura de parar, por agora, este meu «Rasto Portátil». O que vier a seguir fará parte de outro registo - caso o tempo me chegue e eu tenha engenho e arte para tanto.
Agora há ainda que procurar e juntar os poemas que por aí andam dispersos em jornais e outras coisas assim. A trabalheira continua, portanto.
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COMO UM ARADO FARIA
Quando acabo começo
por princípio
Acabo no início
na pedra que rola
sem aparente sentido
Começo quando ela estaca
cessa de soar no ouvido
Abro então um mercado
paralelo e temporário
coço a cabeça
fumo um cigarro
alinho o rasto da pedra imóvel
faço-a improvável
rolar de novo
Quando acabo começo
Por princípio
recomeço no início
como um arado faria
(Parede, 06.01.2013)
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ECO
Que lábios lhe pertencem
se a palavra que chega
vem de nenhum lugar?
Fernando Guimarães (n. 1928)
(extraído da Revista RELÂMPAGO nº. 29/30 – Outubro de 2011/Abril de 2012)
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Leiam a justa posição que aqui, com a devida vénia, transcrevo (e subscrevo).
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O RELATÓRIO DO FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização imperialista cuja função é garantir que a extorsão feita aos trabalhadores e aos povos oprimidos do mundo através do mecanismo da dívida pública se possa continuar a fazer.
Instalado nos países alvo da sua acção por via do suborno e da subserviência de dirigentes políticos vendidos, o FMI representa a mão implacável do capital a sacar até à última gota de suor e de sangue a riqueza produzida pelos trabalhadores. Quando os canalhas Sócrates, Coelho, Portas e Cavaco, através do pedido de “ajuda” à União Europeia, cederam à última chantagem da führer Merkel para fazer de Portugal um protectorado do imperialismo alemão, esta repetiu o que já havia feito com a Grécia e chamou o FMI para integrar a tróica. A força de ocupação imperialista podia assim contar com um organismo experiente neste tipo de negócios sujos.
O FMI acaba de produzir um relatório encomendado pelo governo de traição nacional PSD/CDS para preparar um novo assalto ao bolso e à vida do povo português. Sob o eufemismo de “refundação do Estado”, esse ataque tem por objectivos desviar a atenção do genocídio fiscal praticado sobre os trabalhadores e suas famílias com o orçamento de Estado para 2013 e transformar Portugal numa colónia de escravos a trabalhar de sol a sol, a um nível mínimo de subsistência e sem direitos sociais.
O relatório do FMI defende que o povo trabalhador da Europa (e talvez do mundo) que paga mais impostos em proporção do rendimento necessário para as necessidades básicas e cuja taxa de desemprego efectivo é também uma das mais elevadas a nível mundial (mais de um quarto da população activa), tenha os salários reduzidos abaixo dos limites de sobrevivência, trabalhe bastante mais horas e até à beira da morte, passe a ficar privado de serviços de saúde, de professores nas escolas, de pensões de reforma, de subsídios de doença e de desemprego, e outras tragédias similares.
Apresentando propostas numéricas “intermédias” em relação a este objectivo final (corte imediato dos salários em cerca de 10%, corte imediato nas reformas de 15%, aumento para o dobro das taxas moderadoras na saúde, despedimento imediato de 120 mil profissionais dos sistemas públicos de saúde, educação e segurança social, aumento imediato da idade da reforma para os 66 anos, etc, etc.), o relatório do FMI representa, pela forma fria e desumana como as formula, o desejo inequívoco de alcançar a curto prazo aquele objectivo final.
Desmascarados nos seus propósitos pelo relatório do FMI, os traidores do governo, os seus lacaios na comunicação social e os amigos da tróica parecem agora umas baratas tontas. Cada qual diz a sua – que o relatório não está concluído (?), que as propostas que contém são as melhores, que não se revêem em algumas dessas propostas, que é só uma base de trabalho, que é preciso calma e serenidade, enfim, o espectáculo de uma classe de exploradores sem escrúpulos e sem vergonha.
Depois deste relatório do FMI ser conhecido, a ninguém será mais permitido que não escolha o campo a que quer pertencer. Ou se é colaboracionista com o Reich alemão, com a alta finança e os grandes capitalistas, e com os políticos corruptos e vendidos, ou se alinha com os sectores do povo trabalhador explorado mais conscientes, aqueles que já compreenderam que a tarefa de derrubar o governo Coelho/Portas, expulsar a tróica e constituir um novo governo democrático e patriótico é uma exigência imediata e que estão dispostos a lutar até às últimas consequências por estes objectivos.
http://www.lutapopularonline.org
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