18
Mar 13

 

 

*  *  *

 

Na madrugada do passado sábado, o chamado eurogrupo debruçou-se sobre o pedido de apoio financeiro cipriota, tendo decidido conceder a Chipre um empréstimo de 10 mil milhões de euros. Exigiu, porém, contrapartidas. Entre elas, a arrecadação imediata, pelas autoridades cipriotas, de uma quantia de 5 mil milhões de euros, através de uma taxa extraordinária sobre os depósitos existentes nos bancos - à laia de garantia financeira do empréstimo.

A chantagem que a referida taxa consubstancia veio a ser aceite pelas autoridades cipriotas: 6,7 por cento sobre os depósitos até 100 mil euros e 9,9 por cento sobre os depósitos superiores aquele valor.

Trata-se de um esbulho, de um verdadeiro saque sem qualquer espécie de precedentes na União Europeia, o qual provocou, de imediato uma enorme revolta e uma intensa corrida aos bancos. As bolsas europeias ressentiram-se e o valor dos juros da dívida pública dos países intervencionados, entre os quais Portugal, subiram rapidamente.

As autoridades cipriotas (que tudo isto fizeram nas costas do povo) tentam agora salvar a face e minimizar o problema: adiaram a discussão parlamentar do assunto de domingo para hoje, e agora de hoje para amanhã; vieram prometer uma outra configuração da taxa, criando um terceiro escalão acima dos 500 mil euros e baixando-a para cerca de metade nos depósitos até 100 mil euros; comprometeram-se ainda a que os valores das taxas venham a ser “reembolsados” aos cidadãos através da conversão dos mesmos em acções sobre a exploração de gás natural do país… Todavia, a convulsão social continua.

Este caso é bem revelador da UE que temos. E elucida-nos, mais do que mil palavras, sobre a sua natureza “democrática”, ou seja, reaccionária. Mais ainda: vem mostrar-nos de uma vez por todas que não há futuro dentro da moeda única - nem para os cipriotas, nem para os portugueses -, sendo urgente, premente mesmo, discutir ampla e aprofundadamente tal realidade.

Por isso mesmo, talvez eu volte ao assunto um dia destes.

 

publicado por flordocardo às 14:31

17
Mar 13

 

*   *

«(...) nomeio consultora da Casa Civil Isabel Diana Bettencourt Melo de Castro Ulrich, funcionária do Partido Social Democrata, com efeitos a partir desta data e em regime de requisição (...)

 

    9 de Março de 2011. - O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva

 

 Estão a ver quem é a Dona?!...

 

 - AI ISTO ARREBENTA, ARREBENTA! -

publicado por flordocardo às 00:09

16
Mar 13

 

 

*   *

 

«Uma palavra grosseira, uma expressão bizarra, ensinou-me por vezes mais do que dez belas frases.»

 

Diderot

publicado por flordocardo às 23:18
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15
Mar 13

 

*  *

 

O MRPP, o PS e a Câmara de Lisboa

 

Numa carta endereçada ontem às direcções centrais do PCP e do Bloco e hoje tornado público, António José Seguro desafia aqueles dois partidos para integrarem, com o PS, uma frente comum de esquerda para concorrer às próximas eleições autárquicas, tendo sobretudo em vista o município de Lisboa.

Note-se que a proposta de Seguro não visa nenhuma aliança para derrubar o governo de traição nacional Coelho/Portas, pois tal derrubamento não faz parte dos planos de Seguro, mas apenas uma frente autárquica, porquanto, para Seguro, uma frente governativa está desde já reservada à escondida aliança em perspectiva do PS com o PSD, no famigerado Bloco Central.

Mas a questão que, como candidata à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, quero pôr imediata e frontalmente a Seguro é esta: que legitimidade tem Você para excluir de uma frente unitária autárquica em Lisboa outras forças de esquerda, como é obviamente o caso do PCTP/MRPP?

Você, Seguro, deveria lembrar-se que o próprio António Costa, hoje seu rival interno, perdeu as eleições de 1993, em Loures, precisamente porque recusou a unidade com a candidatura local do meu Partido, chorando depois baba e ranho pelas esquinas daquele concelho, quando pôde verificar que os votos do PCTP/MRPP chegavam e sobravam para a câmara de Loures.

E, já agora, deveria também lembrar-se que não há ainda muito tempo, João Soares perdeu a presidência de Lisboa para o Santana Lopes por ter recusado admitir o meu Partido na frente unitária com que se candidatou à Câmara de Lisboa, também chorando depois baba e ranho, quando verificou que os votos do PCTP/MRPP eram mais do que suficientes para lhe arrecadarem a presidência.

Você, Seguro, vai outra vez perder a Câmara de Lisboa, à uma, porque não quer extrair as devidas lições da História e, à outra, porque aquilo que verdadeiramente Você quer é estender ao comprido o seu estimado rival António Costa…

E quanto a este mesmo António Costa, terá que vir explicar depressa aos lisboetas os motivos por que, recusando embora uma aliança de todas as forças de esquerda para conquistar a Câmara de Lisboa, Você, Seguro, se dedica desde já a permitir que sejam pilhados dos programas passados do MRPP políticas municipais que só nós temos defendido para um rápido e harmonioso desenvolvimento do município da Capital, a saber:

  • Municipalização das empresas de transportes públicos (Metro e Carris);
  • Criação da Região Especial de Lisboa (que Costa designa – envergonhado e mal! – “área metropolitana de Lisboa”);
  • Sistema integrado de transportes na área da Região Especial de Lisboa.

Claro está que não será por roubar ideias políticas ao meu partido que Costa haverá de ganhar as próximas eleições em Lisboa. Irá perdê-las seguramente, porque ele e o PS, juntamente com os seus camaradinhas do bloco central, têm estado, nestes últimos quarenta anos, a destruir Lisboa, com as suas propostas, e não será porque as nossas em alguma medida agradem a Costa que a sua candidatura triunfará.

O PCTP/MRPP e eu própria estamos dispostos a discutir com todas as forças democráticas e patrióticas um projecto de poder autárquico que resgate a cidade de Lisboa do sequestro a que os partidos do poder, incluindo o PS, a têm submetido. Porque, convenha Você, Seguro: se o MRPP não é um partido de esquerda, então o seu é que nunca o será.

Fico à espera de resposta breve, Vossa ou de António Costa, tanto faz!


Joana Miranda
Candidata à Presidência da CML

 

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Extraído do Luta Popular on-line (13.03.2013)

 

 

publicado por flordocardo às 12:27

 

*   *   *

 

durante toda a noite a noite/ despedaçou-se contra os frágeis muros as casas sob o olhar/ dos plátanos despidos antecipando o regresso violento/ da chuva

 

não se ouvem já sequer os cães e as lágrimas/ são atravessadas pelo lado mais difícil/ por dentro turvando/ o olhar em pétalas soltas como raios

 

depois um silêncio incólume abate-se/ sobre o vento a chuva a trovoada as palavras/ indecisas dos versos ainda titubeantes

 

fica só uma réstea de luz talvez/ para amanhã talvez mais logo/ tecer a linha nítida e fluente do que trouxe a noite/ ao pensamento destes dias repletos onde/ mil coisas nascem e dançam onde/ os olhos se fecham para escutar melhor/ tudo o que espera ser assombração e/ espanto outra forma de respirar

 

 

(Parede, 07-10.03.2013)

 

 

publicado por flordocardo às 00:59

 

*   *   *

 

«Ter escravos não é nada, mas o que se torna intolerável é ter escravos

chamando-lhes cidadãos.»

 

Diderot

publicado por flordocardo às 00:26
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14
Mar 13
publicado por flordocardo às 18:05
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13
Mar 13

 

*  *

 

Habemus Papam. E eu estou quase a chegar à Sala das Lágrimas...

 

publicado por flordocardo às 18:27

12
Mar 13

 

 

publicado por flordocardo às 20:02
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09
Mar 13

 

 

*   *   *

 

(um risco na página)

 

um risco na página
um gesto furtivo
um movimento
de queda
na sombra
da sombra
de um corpo, uma boca
: alguém chama - palavras contra
o sentido, contra a direcção
do vento

 

                             Manuel Gusmão (n. 1945)

 

 (do livro «Pequeno Tratado das Figuras» - Assírio & Alvim, 2013)

publicado por flordocardo às 16:44
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